A Igreja, de fato, habitará no Céu?
- Roberto de Carvalho Forte
- Roberto de Carvalho Forte
É comum, nos dias de hoje,
em grande parte das igrejas, ao tratarem sobre a escatologia, afirmarem que
quando Cristo vier, a igreja irá morar no céu. Há até mesmo muitas canções que
declaram isto, e pelo fato de muitos não examinarem as Escrituras quanto a tudo
o que ouvem, lêem ou cantam, acabam formando sua “teologia” baseada apenas em
alguns clichês ou canções, e também por conta de uma forte influência do
dispensacionalismo. O cantor Lázaro, em sua música “Morar No Céu”, declara
enfaticamente: “Ainda bem que eu vou
morar no céu”.
Anthony Hoekema, comenta: “A partir de certos hinos, temos a impressão
de que os crentes glorificados passarão a eternidade em algum céu etéreo, em
algum lugar no espaço, bem longe da terra” [1]
Mas, afinal de contas, onde
a igreja habitará?
O termo “morar no céu” certamente é citado por muitos por
causa da passagem em João 14, que diz: "Na
casa de meu Pai há muitas moradas;
se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar." (v.2). Seria essa “morada de Deus” o
céu, neste contexto? O versículo 23, deste mesmo capítulo, responde: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me
ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos
nele morada.”. O
substantivo grego no singular μονή, e
no plural μοναὶ, aparecem apenas
duas vezes no NT, que correspondem à “morada” e “moradas”, respectivamente, e
só são encontradas neste capítulo. Jesus
disse aqui aos discípulos que subiria ao céu, mas não os deixariam órfãos, pois
os enviariam o Consolador (v.16), e
que faria morada nos crentes (v.23),
e esta promessa já se cumpriu com a vinda do Espírito Santo. (Para um
entendimento mais amplo sobre isto, sugiro a leitura de um artigo no site da
Mackenzie, fonte no rodapé [2])
Mas o que
vemos nas Escrituras são textos bíblicos que apontam para novo céu e nova
terra, que é o caso de 2 Pe 3:13,
que diz: “Mas nós, segundo a sua
promessa, aguardamos novos céus e nova
terra, em que habita a justiça.”. Jesus disse em Mateus 5: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (v.5). E ainda em Apocalipse 21, referindo à
eternidade: ”E vi um novo céu, e uma
nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar
já não existe.” (v.1). No AT,
temos esta promessa em Isaías 65: “Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas
passadas, nem mais se recordarão.” (v.17), e em Isaías
66: “Porque, como os novos céus, e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante da
minha face, diz o Senhor, assim também há de estar a vossa posteridade e o
vosso nome.” (v.22).
Hoekema,
comenta: “Existe uma passagem no livro de
Apocalipse que fala acerca de nosso reinado sobre a terra: ‘Digno és [Cristo]
de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com teu sangue
compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para
o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra’ (Ap
5:9-10). Embora alguns manuscritos tragam o verbo ‘reinarão’ no tempo
presente, os melhores textos trazem o tempo no futuro. O reinado sobre a terra
dessa grande multidão redimida é representado aqui como a culminação da obra
redentora de Cristo por seu povo.” [3]
A terra que hoje vivemos será restaurada, e não aniquilada. Como escreveu William Hendriksen: “Os céus e a terra que agora existem foram reservados para o fogo, de forma que logo os céus estarão queimando [..] serão dissolvidos e os elementos derreterão com calor fervente” [4]. E ele conclui: “O fogo não anulará o universo. Depois do fogo ainda existirão os mesmos ‘céus e terra’, mas gloriosamente renovados, como explicado em 2 Pe 3.13; Apocalipse 21:1-5.” [4]
A terra que hoje vivemos será restaurada, e não aniquilada. Como escreveu William Hendriksen: “Os céus e a terra que agora existem foram reservados para o fogo, de forma que logo os céus estarão queimando [..] serão dissolvidos e os elementos derreterão com calor fervente” [4]. E ele conclui: “O fogo não anulará o universo. Depois do fogo ainda existirão os mesmos ‘céus e terra’, mas gloriosamente renovados, como explicado em 2 Pe 3.13; Apocalipse 21:1-5.” [4]
Pedro, o apóstolo,
escreve: “Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se
reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da
perdição dos homens ímpios. Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no
qual os céus passarão com grande estrondo, e
os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão
[...] em que os céus, em fogo se
desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?” (2 Pe
3:7,10,11,12).
Depois dessa restauração, a nova Jerusalém (símbolo da Igreja
de Cristo) descerá do céu à nova terra, "adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido” (Ap 21:2) e reinará eternamente com
Cristo.
Podemos afirmar, portanto, que não só teremos o céu na
eternidade, mas habitaremos no Novo Céu e na Nova Terra, e Cristo será
eternamente o Rei: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e
eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus.” (Apocalipse
21:3)
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1 – A Bíblia e o Futuro, Anthony A. Hoekema, pág. 292.
3 – A Bíblia e o Futuro, Anthony A. Hoekema, pág. 300.
4 – A Vida Futura Segundo a Bíblia, William Hendriksen, pág.
257.