quinta-feira, abril 14, 2016

Por Que Não Sou Comunista?



Porque não sou Comunista

José Pedro Monteiro de Almeida 


O Comunismo à luz da Bíblia




Introdução.
Breve histórico do comunismo
Não sou comunista porque o comunismo é anti-homem!
Não sou comunista porque o comunismo é anti-Deus!
Não sou comunista porque o comunismo é anti-Bíblia!
Conclusão


INTRODUÇÃO



Muitos “cristãos” atuais, se engajam em ideologias ou partidos políticos, sem pensar nos princípios da palavra de Deus que devem nortear tudo o que o crente faz ou defende. Tal atitude de ignorância e de desprezo pelos valores de Deus, são os inequívocos sinais da iminente vinda de Cristo. O comunismo, uma das mais bem sucedidas armas satânicas dos últimos tempos, tem levado milhões de almas para o inferno, pregando o ateísmo e o materialismo, doutrinas vindas diretamente do seu idealizador maior: Satanás. Tais fatos, desprezados deliberadamente pelos apóstatas rebeldes, não são suficientes para que se rejeite este modelo de sociedade que já se demonstrou sobejamente anti-homem anti-Deus e anti-Bíblia, senão comecemos por um breve histórico:

BREVE HISTÓRICO DO COMUNISMO:

Em 1818, nasce um alemão judeu chamado Karl Marx, que escreveu duas obras com a ajuda de um amigo, Friedrich Engels: “O Capital” (1845) e “O Manifesto Comunista” (1848). Para economizarmos tempo, o resumo de todas as asneiras destes dois livros é:

1. O estado deve ser o dono de todos os meios de produção.
2. Sob o Comunismo, (=Socialismo) não haveria pobreza ( piada...).
3. Sob o Comunismo, a humanidade realizaria todos os seus sonhos.
4. Por conseguinte, o homem não precisaria mais de religião que é o “ópio do povo”.

No seu livro Marx e Satã, Richard Wurmbrand, após extensas pesquisas, declara com provas irrefutáveis a relação entre Marx e o ocultismo satanista. Esse cínico e enganador, quando se referia à religião queria dizer cristianismo, porque na verdade ele era muito religioso baseando suas teorias em experiências ocultistas com o próprio demônio. Em 6 de Novembro de 1917, após a morte de Marx e Engels, Vladimir Lenin, um impiedoso assassino, desencadeou a revolução Comunista, que matou milhões de pessoas na Rússia. Tão catastrófica foi tal revolução, que apenas 4 anos depois, o país entrou em colapso frente a possibilidade de 170 milhões de pessoas morrerem de fome! Setenta anos depois, o Comunismo, se depara com um saldo catastrófico de milhões e milhões de mortos e torturados através das inúmeras guerras, guerrilhas, revoluções e desgraças que desencadeou, sendo ironicamente, a maior vítima do seu próprio veneno, despedaçando-se espetacularmente, frente a falência e desolação econômica dos países que o adotaram. Mesmo hoje (2003) milhões de russos vivem à beira da miséria com o orçamento "maravilhoso" de apenas 1 dólar por dia!
"Proletários do mundo... me perdoem" - Karl Marx
(Pixação sarcástica encontrada numa estátua em Moscou em 1991)

Vejamos o que disse com muita lucidez, Winston Churchill (1874-1965), um homem que nem mesmo crente era, mas que foi testemunha ocular das insanidades comunistas e socialistas da primeira metade do século 20:

"O socialismo é o evangelho da inveja, o credo da ignorância, e a filosofia do fracasso."

Muito antes de Churchill, Benjamim Franklin (1706-1790), um brilhante estadista e cientista Norte-Americano também repudiou por completo a falácia do estado socialista:

"...quanto mais provisões públicas sejam feitas para os pobres, menos eles produzem para si mesmos, e é claro, se tornam mais pobres ainda..."

Já se disse ainda com muita propriedade:

"Sob o capitalismo você tem distribuição desigual de riqueza, é verdade, mas sob o socialismo você tem distribuição igual de miséria, tirania e insanidade mental."

 

O COMUNISMO É ANTI-HOMEM


O saldo de 70 anos do comunismo é incontestável: Dezenas de milhões de mortos, milhões de torturados, milhões de deportados, milhões de presos, milhões de famintos.
Vladimir Lenin (1870-1924): Um dos mais brutais e covardes assassinos da humanidade lança seu olhar arrogante, tendo nas suas costas milhões de homicídios e a invenção dos campos de concentração, onde as pessoas eram torturadas até a morte.

Joseph Stalin (1879-1953): Esse outro tirano impiedoso, um lixo de ser humano, talvez um dos mais brutais da história, tão facínora quanto Hitler, foi o responsável por milhões de mortos, e deu continuidade ao comunismo na Rússia, após a morte de Lenin em 1924. Esse ímpio cheio de demônios, tornou a Rússia numa das mais pavorosas nações da história, onde a vida humana não valia nada sob o maligno comunismo, que massacrava dezenas de milhões de pessoas. Populações inteiras da Ucrânia e outras províncias eram enviadas escravizadas para a Sibéria para trabalhos forçados em acampamentos pavorosos. Elas eram socadas em vagões de trem, não tinham nada para se aquecer e muitos milhares congelavam até a morte antes de chegar ao destino de terror. Talvez fossem mais afortunados dos que os sobreviventes, em vista dos horrores que os esperavam. Os que resistiam eram simplesmente executados e enterrados em valas comuns. Nos campos de concentração de trabalho escravo, essas pessoas trabalhavam no frio mortal da Sibéria, sem cuidados médicos, sem comida, sem roupa de frio e sem esperança. Os comunistas se gabavam até de não poderem mandar mais prisioneiros escravos por falta de vagões de trem.
O comunismo provocou guerras incontáveis e produção de armamentos mais do que comida. Enquanto isso, os líderes comunistas se banqueteavam nas mais escandalosas opulências. Revire-se as histórias que se descobrem nos países que se livraram da praga comunista. Vejamos essa declaração: 
"A História deu razão a Jesus Cristo e desmentiu Marx. Veja aí a lista de nações com melhor qualidade de vida do mundo. Pegue as vinte melhores. Todas seguem Cristo e não Marx. O Japão não é cristão e está lá. Religiosamente o Japão não é cristão mas filosoficamente é cristão sim. Filosoficamente o Japão é mais cristão que o Arcebispo D. Paulo Evaristo Arns. Das poucas nações governadas por marxistas no mundo nenhuma chega sequer ao 60º lugar das nações com melhor qualidade de vida. Todas as 20 melhores nações do mundo com o melhor IDH ou índice de qualidade de vida:

a) Respeitam a propriedade privada.
b) Separam o estado da Religião.
c) Limitam o poder do estado.
d) Tem um setor público longe de ser gigantesco.
e) Respeitam a liberdade de culto.
f) Proíbem o roubo.
g) Proíbem o assassinato.
h) Tem todas lideranças inimigas de quem se diga marxista.
i) Não estão e nunca estiveram sob governos marxistas. Sim, parte da Alemanha esteve sob as botas do Kremlin, mas era minoria.
j) Nunca passaram por revoluções comunistas. O caso alemão está descrito acima.
k) Tem, e há tempos, partidos ditos "comunistas" ou "marxistas" inexistentes ou insignificantes.
l) Põem fora da lei quaisquer grupos que queiram fazer o que o MST faz rotineiramente no Brasil.


Enquanto isto todas as nações sob governos "comunistas" ou "marxistas" foram sempre o mesmo: tiranias miseráveis com um povo miserável e uma pequena elite marxista cercada de privilégios e vícios. Não foi por acaso que parlamentos, grandes navegações, industrialização, voto universal, alta qualidade de vida surgiram primeiro nas nações que ouviram os ensinamentos de Cristo. Quem aplicou os bestiais ensinamentos de Marx colheu frutos bem diferentes. Das depressões da Etiópia ao Himalaia chinês (tibetano se preferir) das neves da Sibéria Soviética às selvas de Angola. Em todas as culturas, raças, climas, os bestiais ensinamentos de Marx deram no mesmo: tiranias brutais, miséria em massa, fome generalizada para os proletários e imensos privilégios para alguns poucos, matança em massa, salários miseráveis para os proletários e imensas riquezas para os marxistas. Há atualmente menos de sete nações do mundo cujos líderes se dizem marxistas ou algo parecido e todas são pobres. Todas pagam salários miseráveis a seus operários. As idéias aplicadas de Jesus garantiram a prosperidade, a liberdade, a Democracia, o desenvolvimento. As idéias de Marx aplicadas não deram em nada mais que tirania, miséria, atraso, guerra, falsidades e escândalos. Não há nenhuma semelhança entre cristianismo e marxismo. Marx copiou sim Maomé. Um outro Profeta. E de fato tanto as nações marxistas como as maometanistas são todas nações pobres e de terceiro mundo. Cristo libertou. Marx apenas mentiu e condenou à desgraça todas as nações que seguiram suas imbecilidades. Quanto mais marxista é uma nação mais desgraçada ela fica. O Brasil é das últimas nações marxistas do mundo. Até e principalmente a Igreja Católica preferiu Marx a Cristo. Deveríamos ter feito o oposto. Infelizmente a elite governante do Brasil tem uma fidelidade canina a Marx. Enquanto tal situação perdurar a desgraça continuará a assolar o povo brasileiro."

(Dalton C. Rocha, Artigo "Cristo ou Marx?", Mídia sem Máscara, 21 de Abril de 2003)



O COMUNISMO É ANTI-DEUS

Deus não trata os desiguais de forma igual: Gál 6:7 ”Tudo que o homem plantar isso também ceifará...” . As injustiças deste mundo não serão jamais corrigidas enquanto reinar o pecado: “...maldita é a terra por causa de ti...” Gen 3:17; As injustiças deste mundo só serão abolidas por Cristo no milênio: Zac 14:9-11. Jesus declarou que os pobres sempre seriam uma realidade entre os homens: Mat 26:11. Entretanto, Deus, na Sua infinita sabedoria revelada na Bíblia, deixou princípios para os homens viverem o melhor possível, mesmo convivendo com a realidade do pecado. Esse sistema econômico, baseado na Bíblia, é o capitalismo, no qual Deus garante o direito de propriedade e estabelece princípios sociais para o homem viver com harmonia e compaixão com o seu semelhante.

Entretanto, esse satanista chamado Karl Marx, maquinou uma maneira sutil de mudar e minar esses princípios. Veja o que ele declarou depois de passar por experiências, ao que parece, com o próprio demônio:
"Os vapores infernais sobem e enchem o cérebro até que eu enlouqueça e meu coração seja completamente mudado. Vê esta espada? O príncipe das trevas me vendeu. Para mim ele fere o tempo e me dá sinais. Cada vez mais abertamente eu jogo a dança da morte."

"Desejo me vingar d'Aquele que governa lá em cima."

"Assim eu perdi direito ao céu. Sei disso perfeitamente. Minha alma, outrora fiel a Deus, está destinada ao inferno."

(Richard Wurmbrand, Marx e Satã, pp. 10,13 e 15)



Veja mais essa ligação da motivação maligna e altamente religiosa de Marx:

"Meu objetivo na vida é destronar Deus e destruir o capitalismo."

Esse fracassado, que obviamente não era ateu, teve 6 filhos. Três morreram de fome na infância e 2 se suicidaram. Quando essa pobre alma morreu em 1883 apenas seis pessoas foram ao seu enterro. Certamente ele não tem nada a ensinar a uma nação e aqueles que o reputam como herói, só demonstram sua teimosia fanática e devem ser rejeitados pelas pessoas de bem. (Sl. 109:8)

Karl Marx (1818-1883). Olhar tenebroso de uma pobre alma fracassada que abandonou a Deus e se entregou aos desígnios satânicos para elaborar os fundamentos do comunismo.


O COMUNISMO É ANTI-BÍBLIA


Em nenhum lugar da Bíblia se condena a propriedade privada.

O pressuposto dos 10 mandamentos e da lei Mosaica, dada pelo próprio Deus, é a propriedade. Veja Exodo 20:17 “ Não cobiçarás a casa do teu próximo...” Não devemos cobiçar algo que pertence ao próximo. O mandamento significa que eu posso desejar algo e trabalhar para conquistar de um modo honesto, mas não o cobiçar, que envolve o pensamento de inveja, e roubar, que envolve a violência para a posse, ambos conceitos pregados pelo comunismo. Deus prometeu muitas bênçãos e o direito à propriedade, quando o povo entrasse na terra prometida. Veja também em Atos 5:4 “ Não mentiste aos homens, mas a Deus...” O pecado de Ananias e Safira foi a mentira e não a posse. O comunismo é a ideologia da mentira. Ele prometeu o paraíso na terra, mas o que ele deu aos homens foi algo que lembra o inferno. Ele prometeu alcançar paz, atingindo então, a total ausência da luta de classes, mas o que deu foi a guerra e a maior carnificina da história da humanidade... Ele prometeu riqueza e satisfação, mas o que deu foi a pobreza e frustração. O comunismo é uma das maiores mentiras que já se viu. Na Bíblia, Jesus disse que o pai da mentira é o próprio Satanás (João 8:44). Faz sentido o comunismo pregar todas essas mentiras, pois é fruto da mente diabólica que usou um de seus adoradores para enganar milhões mandando-os para o inferno.

Vejamos, por outro lado, apenas alguns exemplos de homens santos de Deus que eram ricos, empreendedores e capitalistas. Não há uma só palavra do Senhor condenando isso, desde que essa riqueza seja obtida por meio de trabalho honesto, sabedoria de investimento e seja para a glória de Deus e Seu reino:
Abraão, o "pai da fé", era um homem muito rico: Gen 13:2 “E ia Abraão muito rico em gado, em prata e em ouro.”

 era riquíssimo: Jó 1:3 "...este homem era maior do que todos os do oriente..." Deus mesmo o qualificou de "homem íntegro" (Jó 2:3). Depois da dura provação, Jó foi restituído em dobro do que tinha antes: "...e o Senhor acrescentou em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía." (Jó 42:10) Ainda bem que Deus não é comunista.

No Novo Testamento não se condena os ricos, mas se exorta a serem bondosos e espirituais:

"Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; (1 Tim. 6:17)
"O rico e o pobre se encontram; a todos o Senhor os fez." (Prov. 22:2)

No Novo Testamento não se condena os patrões, mas sim os maus tratos e o desamor:

”Vós, senhores, fazei o que for de justiça e equidade a vossos servos, sabendo que também tendes um Senhor nos céus.”
(Col. 4:1)

O que faz um patrão ser bondoso, gentil e amoroso com seus empregados não é o endemoninhado do Marx nem a insanidade do comunismo truculento, mas o Espírito Santo de Deus que habita no coração do homem nascido de novo, que possui um coração amável e terno e que sabe que Deus irá cobrá-lo sobre o uso das riquezas muito mais do que irá fazê-lo com a maioria das pessoas.
Agora sabemos por que o comunismo odeia a Palavra de Deus. Os alicerces dessa filosofia são abalados mortalmente pela Bíblia, que nos revela um Deus amoroso e criador, que apresenta ao homem o Seu plano para a salvação através unicamente da pessoa gloriosa de Jesus Cristo.

Veja ainda mais o que escreveu Dalton C. Rocha sobre Marcos 7:20-23:
"Qualquer pessoa sensata e informada que leia este trecho do evangelho com as palavras de Jesus Cristo irá notar de cara a total incompatibilidade de Cristo com Marx. Cristo chamou de impuros todos os homens que pratiquem o adultério, a fraude, a devassidão, a difamação. A vida de Marx foi precisamente dedicada a praticar parte destes vícios e a pregar a prática em larga escala dos vícios restantes. Jesus taxativamente aprova o direito de propriedade. Ele diz que mancha o homem até pensar em roubar a propriedade alheia. Somente um completo mentiroso pode dizer que Marx imitou Jesus. Marx repetidas vezes exigiu o confisco de toda espécie de propriedade privada. Os tais meios de produção. Escreveu sobre isto longamente. A História do marxismo foi e é exatamente a prática em larga escala daquilo que Jesus Cristo taxativamente condenou até como pensamento. Jesus condenou até o pensamento de assassinar pessoas. Marx exigiu o extermínio de milhões de pessoas. Jesus condenou taxativamente até se pensar em roubar a propriedade alheia. Marx exigiu o roubo da propriedade alheia que ele chamou de "meios de produção". Como pode o marxismo ser parecido ou igual ao cristianismo?..."

Marx pregou o contrário de Cristo. Ele exigiu o confisco da propriedade privada pelo estado. Jesus pregou a limitação do estado enquanto Marx exigiu que ele, estado, crescesse imensamente em poder e propriedades roubadas. Marx escreve que o estado ou César do proletariado, tem que confiscar bens alheios. Marx escreve que através do estado, com todo o poder absoluto, se terá o bem dos proletários."

(Artigo "Cristo ou Marx?", Mídia sem Máscara, 21 de Abril de 2003)



RESUMO
 

Comunismo: Você tem 2 vaquinhas, eles matam você, pegam uma vaca para os líderes do partido e escravizam a sua família, obrigando-a a tirar o leite da outra vaca. Eles ficam com todo o leite, enquanto sua família definha de fome até a morte e eles põem a culpa no capitalismo e na religião (cristianismo), totalmente proibida e punida com a morte.

Socialismo: Você tem 2 vaquinhas, eles tomam as duas de você, obrigam a você tirar leite delas, pegam todo o leite, dão uma parte para sustentar o MVSJ, o Movimento dos Vagabundos Sem Juízo, que invade seu sítio, dizem que vão dar o leite que sobrar aos coitadinhos dos pobres, enquanto todo o país se torna igualmente medíocre, miserável, pobre e faminto, se preparando para "evoluir" para o comunismo.

Capitalismo: Você tem duas vaquinhas, você alimenta a sua família e faz o que quiser com o leite que sobrar. Se quiser, você vende o excedente e o governo não tem nada que se meter em coisas que não é da sua conta. Você vai à sua igreja e o governo não tem nada que censurar as pregações do seu pastor, muito menos se meter como devem ser retiradas as ofertas, nem se meter com o estatuto das igrejas.


CONCLUSÃO
 

Por incrível que pareça, ainda se encontra gente que se diz crente e é simpatizante das ideologias que envolvem socialismo e comunismo (sinônimos com capas diferentes: a diferença entre socialismo e comunismo, é que o primeiro não usa armas, pois é apenas um passo intermediário para o segundo...) Os "crentes" esquerdistas (entre aspas por que há que se duvidar dessa salvação) na verdade, são traidores do evangelho e daqueles crentes que tiveram seu sangue derramado sob os impiedosos assassinos sanguinários comunistas.

Essa insanidade se observou numa igreja totalmente impregnada com o veneno esquerdista e que foi palco de um circo patético na campanha presidencial no Brasil. Essa igreja, que de batista não aparenta ter nada, convidou um candidato esquerdista para proferir campanha em suas dependências juntamente com um dos políticos mais desmoralizados dos Estados Unidos, Jesse Jackson, que se diz "evangélico", para vergonha de milhões de americanos que conhecem a sua história cheia de imoralidades. Essa manobra astuciosa foi um sucesso, pois milhões de evangélicos brasileiros foram ludibriados pelos profanos que serviram a interesses políticos, enganando milhões de ingênuos desinformados. O espírito de deboche, a falta de juízo da liderança dessa igreja, e sua completa incompetência se traduziu também na primeira página do seu web-site na internet, onde constava até uma citação dessa mulher maligna e possuída por demônios chamada Madona! Pasmem! Toda essa maluquice é fruto da rebelião esquerdista amaldiçoada por Deus.

Apesar da contundente desgraça, impiedade, imoralidade, satanismo e insanidade dessa burra ideologia, não pensemos que a estupidez do homem parou, apesar do absoluto desastre do marxismo. O autor do comunismo, cujo espírito sussurrou nos ouvidos do satanista chamado Karl Marx, ainda usa seus ímpios fantoches modernos. Ele está furioso, sabendo que pouco tempo lhe resta. O comunismo, instrumento claro de Satanás no passado e presente, será usado também no futuro, no período que a Bíblia chama de Tribulação. Aqueles que pensam que o comunismo está acabado por causa do seu total fracasso, estão redondamente enganados. Nessa época futura, chamada de Tribulação, que ao que parece não está distante, os crentes já estarão na glória. Enquanto isso, o mundo imbecilizado pelo comunismo do anticristo, entrará de cabeça na mais negra página da história da humanidade! O comunismo satânico, entretanto, terá vida curta, até que de uma vez por todas, enganados e enganador, sejam “...lançados no lago de fogo...” Apoc. 19:14. Nem mesmo lá, o comunismo se realizará, pois a Bíblia é clara ao ensinar diferentes graus de punição para os perdidos. Eles todavia, uma coisa terão em comum: todos serão miseráveis atormentados para todo o sempre separados do Salvador que negaram.
"...quando o ímpio domina, o povo geme." (Prov. 29:2)


José Pedro Monteiro de Almeida

BIBLIOGRAFIA

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Morris, Henry “The Long War Against God” Baker Book House, 1989.

Gentil, A. “Porque não devemos apoiar a... Teologia da Libertação?”, Departamento Literário da 1ª Igreja Batista Bíblica de Curitiba, 1986.

Infante, Pr. José Jr., “10 razões por que não sou Comunista”, 6ª edição Julho 87.

Reis, Dr. Aníbal Pereira, “Teologia da Libertação”, Vols. I e II, Edições Caminho de Damasco, São Paulo-SP, 1985.

Rocha, Pr. Gerson, “O Comunismo e o Evangelho Eterno”, Editora AIMI, Primeira Edição, São Paulo-SP, 1986.

“The Modern Age - The History of the World in Christian Perspective”, Vol. II, Pensacola, A Beka Book Publications, 1981.

Wurmbrand, Richard, “Torturados por amor a Cristo”, A Voz dos Mártires 1995.

Wurmbrand, Richard, “Marx and Satan”. Weschester, Ill.: Crossway Books 1986.

Hovind, Dr. Kent, Creation Seminar, Pt. 5, 1999.

Cheng, Dr. Samuel, sermon "Jesus Christ versus Communism", Int'l Council of Christian Churches, Amsterdam, August 1962.

Breese, Dr. Dave, 7 Men who Rule the World from the Grave, Moody Press, 1990.

Halverson, Dean, The Compact Guide to World Religions, Bethany Publishing House, 1996.

E. L. Bynum, Article: 'More over Hitler and Stalin', Plains Baptist Challenger, Aug., 2000.

Flynn, Daniel J., Why the Left Hates America, Prima Publishing, 2002.

Hannity, Sean, Let Freedom Ring, Regan Books, 2002.

Fonte:  http://solascriptura-tt.org

sexta-feira, janeiro 29, 2016

Seria a CFW um Documento Continuísta? Uma Avaliação Crítica de "Sob os Céus da Escócia", de Renato Cunha






SERIA A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER UM DOCUMENTO CONTINUÍSTA?

Uma Avaliação Crítica de “Sob os Céus da Escócia”, de Renato Cunha
Parte 1

Por Alan Rennê Alexandrino Lima

INTRODUÇÃO

No ano de 2006 o autor Brian D. McLaren publicou uma das suas obras mais conhecidas, intitulada The Secret Message of Jesus. A tese de McLaren neste livro é a de que ao longo de quase dois mil anos de história os cristãos ou compreenderam de maneira equivocada a mensagem de Jesus Cristo, ou então flagrante e intencionalmente a distorceram. Ao longo de milênios a cristandade estaria vivendo no engano por não ter atentado para a verdadeira mensagem propalada pelo Filho de Deus. Talvez o trecho mais inquietante da obra apareça quando McLaren sugere, ao fazer uma citação do filósofo Sören Kierkegaard, que a erudição cristã deliberadamente distorceu a mensagem do evangelho:

A Bíblia é muito simples de se entender. Mas nós, cristãos, somos um bando de caloteiros intrigantes. Fingimos ser capazes de compreendê-la porque sabemos muito bem que, no instante que a compreendermos, estaremos obrigados a agir de acordo com ela [...] Eis, portanto, o verdadeiro propósito da erudição cristã. A erudição cristã é a invenção mais prodigiosa para se defender da Bíblia, a fim de garantir que podemos continuar sendo bons cristãos sem que a Bíblia se aproxime demais de nós.[1]

Assim, tudo o que a igreja cristã viveu e praticou ao longo desses dois milênios nada mais foi do que uma fraude, um engodo promovido pela erudição cristã.

Por que iniciar a análise da obra Sob os Céus da Escócia, de autoria de Renato Cunha, ministro da Igreja Episcopal Carismática, com uma menção a Brian McLaren e uma de suas obras mais controversas? A resposta está em que, assim como McLaren, Renato Cunha não apenas sugere, mas defende explicitamente, que homens como João Calvino, George Gillespie, Samuel Rutherford, Jonathan Edwards e muitos outros nunca foram verdadeiramente compreendidos quanto ao que esses homens defenderam a respeito da obra do Espírito Santo na concessão dos dons miraculosos à Igreja de Cristo. Esses homens e muitos outros, como o pregador inglês Charles H. Spurgeon[2], são evocados como bastiões do cessacionismo. Porém, de acordo com Renato Cunha, ou tais homens nunca foram compreendidos ou, na realidade, o cessacionismo se utiliza de subterfúgios e até mesmo de fraude para poder alinhá-los ao seu pensamento. E ao longo da leitura da obra a impressão é a de que, na mente do autor, a última alternativa é a verdadeira.

Nem mesmo a Confissão de Fé de Westminster, nos dizeres de Cunha, ensina aquilo que é afirmado pelos cessacionistas. Quando a CFW afirma, logo no seu capítulo e parágrafo de abertura, que cessaram “aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo” (1.1), ela não está ensinando que o dom de profecia nos moldes neotestamentários cessou. Esta afirmação cessacionista está equivocada e é fruto de, no mínimo, dificuldades em interpretar devidamente textos escritos.

O presente artigo é a primeira parte de uma avaliação crítica da obra de Renato Cunha. Inicialmente, eu tinha a intenção de escrever apenas uma resenha a respeito do livro. Contudo, ao longo da leitura do mesmo tantos absurdos foram notados e anotados, que me proponho agora a escrever uma pequena série de críticas à obra. Para tal, me proponho, em primeiro lugar, a discorrer brevemente a respeito do método utilizado na escrita do livro, a saber, o uso de fontes marginais. Em segundo lugar, é minha intenção abordar um dos pontos centrais da obra: a negação do cessacionismo na Confissão de Fé de Westminster, investigando o contexto histórico da Assembleia de Westminster, bem como as proposições da própria Confissão. Em terceiro lugar, tratarei das alegações no sentido de que homens como Calvino, Gillespie, Rutherford e outros eram defensores da perpetuidade dos dons revelacionais, notadamente o dom neotestamentário de profecia.

1.      O Revisionismo de “Sob os Céus da Escócia”
Cunha inicia a sua obra com a afirmação de que utilizará como método de pesquisa o ramo da historiografia conhecido como “História das Mentalidades”, nascido no século passado. O autor afirma que a história das mentalidades “busca perscrutar e compreender as importantes alterações nas formas de pensar e agir do homem ao longo dos tempos” (p. 13). Isto o conduz a questionar por qual razão o elemento místico, que sempre esteve presente na cristandade, foi desconsiderado e completamente ignorado pelo cessacionismo moderno. Assim, a proposta da obra é apresentar não apenas uma resposta a este questionamento, mas também trazer a lume evidências históricas de que tal elemento místico sempre se fez presente, inclusive no meio reformado e supostamente cessacionista.

A proposta de Cunha, na realidade, é proceder com um completo revisionismo da história do protestantismo reformado, a fim de consubstanciar a tese de que o cessacionismo nada mais é do que uma inovação que teve origem com a publicação de Counterfeit Miracles, de Benjamin Beckenridge Warfield, em 1918. Para levar adiante seu projeto Cunha faz uso daquilo que é conhecido como fontes marginais, que nada mais são do que fontes secundárias que apresentam pontos de vista que divergem significativamente do entendimento comum e aceito em determinado campo do conhecimento.

Um exemplo disso pode ser percebido no fato de que, ao tratar do alegado continuísmo do escocês George Gillespie nenhuma fonte primária é apresentada, com exceção da menção a dois tratados sobre o dom de profecia no Novo Testamento (p. 65, nota de rodapé nº 15). Não há nenhuma declaração do próprio Gillespie. Há apenas testemunhos oriundos de biografias. Na verdade, as únicas palavras de Gillespie documentadas (p. 64) são tomadas a partir de uma fonte secundária difícil de identificar, dada a maneira equivocada como as notas de rodapé estão organizadas do ponto de vista da metodologia da pesquisa científica.[3]

Muitos outros exemplos poderiam ser apresentados aqui. Não obstante, este fato prejudica o trabalho de qualquer pesquisador, uma vez que, conquanto seja ponto pacífico que a utilização de fontes secundárias seja perfeitamente aceitável em qualquer pesquisa bibliográfica, é imprescindível que grande parte, senão a maior, do labor do pesquisador seja tomada a partir de fontes primárias. No caso da obra de Cunha e considerando a sua proposta, era imprescindível que as evidências textuais primárias abundassem, o que não ocorre. O que pode ser percebido mesmo quando se avalia as fontes secundárias utilizadas é que, na verdade, a pesquisa foi dirigida a partir de uma seletividade intencional de fontes que melhor se adequam a uma crença pessoal. Esta seletividade ficará evidente nas seções subsequentes desta crítica, quando apresentarei um contraponto às teses de Cunha a respeito da Confissão de Fé de Westminster e dos supostos teólogos reformados continuístas.

Outro detalhe que necessita ser destacado logo de início, é que ao longo da obra o cessacionismo é constantemente acusado de manipular, distorcer e omitir fatos que têm acompanhado a história humana desde os primórdios. Cunha faz tal acusação de maneira indireta, afirmando que “é certo que muitos têm o interesse de omitir eventos aos quais julgam impertinentes e desconfortantes na defesa de determinado sistema filosófico” (p. 90). Cunha também deixa no ar uma indagação a respeito da existência de fraude nos postulados de quem defende a estrutura filosófica do cessacionismo (p. 181).

O autor também se utiliza do argumento falacioso da associação, ao colocar lado a lado o cessacionismo, o ateísmo (p. 179) e o antissobrenaturalismo de Rudolf Bultmann (p.183). De forma estranha, no escopo da obra não há nenhuma preocupação de oferecer ao leitor uma definição acerca do que é o cessacionismo. Seria de bom tom que os termos tivessem sido devidamente definidos antes de oferecer críticas tão contundentes. Percebe-se que Cunha também fez uso da falácia do espantalho todas as vezes que mencionou o cessacionismo. Apesar de levantar tais observações aqui, deixarei para abordá-las mais detidamente na segunda parte da crítica do livro.

Por ora, irei me concentrar na abordagem de Cunha à Confissão de Fé de Westminster.

2.      O Cessacionismo da Confissão de Fé de Westminster

De acordo com Cunha, “o tema revelação sobrenatural extrabíblica teve significativa importância no debate” travado na Assembleia de Westminster (1643-1649). Apesar disso, a missão que os delegados tinham diante de si era “unificar o protestantismo europeu na redação de um documento que representasse de maneira adequada as igrejas reformadas” (p. 32). Visando, então, o cumprimento dessa missão, foi que os delegados buscaram acomodar uma diversidade de opiniões na elaboração da Confissão, de modo que quanto à questão da cessação da revelação, a ideia era chegar a uma proposição que permitisse uma diversidade de convicções. Sobre isso, Cunha afirma (p. 33):

O fato de afirmarem a singularidade da Escritura como registro especial de Deus não encerrava o assunto no sentido de estabelecer um marco final em termos de Deus se revelar, mesmo com o cânon devidamente encerrado. A singularidade da revelação, portanto, não significa modo exclusivo de manifestação. Apenas a Escritura é singular, visto que contém o depósito completo das doutrinas sobre Deus e salvação humana.

Ele tem em mente o parágrafo de abertura da Confissão, transcrito in extenso abaixo:

I. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestam de tal modo a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, todavia, não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e de sua vontade, necessário à salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isso torna a Escritura Sagrada indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo.[4]

Cunha afirma que a afirmação confessional tem como propósito se opor à tradição da Igreja Católica Romana, que afirma possuir autoridade delegada pelo próprio Cristo para estabelecer novas doutrinas. De acordo com ele, o parágrafo da Confissão em questão não trata da cessação dos dons revelacionais, mas tão somente confrontar “a tradição romanista de ser a palavra final em termos de doutrina do conhecimento de Deus e da salvação do homem” (p. 36). Isto não quer dizer, todavia, que a Sagrada Escritura seja o único modo de Deus falar ao seu povo. É o meio mais seguro, mas não o único (p. 37).

O ponto a ser destacado é que Cunha pressupõe que a preocupação da Confissão é apenas com aquilo que diz respeito à salvação do homem. Novamente, eis suas palavras (p. 37):

Em segundo lugar, ao sentenciarem que ‘isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo’, sobretudo no tocante a haver cessado os antigos modos de Deus revelar a sua vontade, não significa necessariamente que aqueles deputados tinham em mente que Deus só se revelaria através das Escrituras, muito menos que encerrara total e completamente suas revelações. Eles se limitam a afirmar apenas que não resta mais doutrina a ser assentada, sobretudo no tocante ao ensino quanto à salvação do ser humano, ou seja, acreditam na impossibilidade de a Escritura continuar a ser escrita.

Garnet Howard Milne[5], cuja obra foi utilizada por Cunha em sua pesquisa, questiona se os presbiterianos carismáticos dos nossos dias estão corretos ao afirmarem que “o conceito de salvação na CFW 1.1 meramente se refere a ‘revelação histórico-redentiva’, ou esta distinção entre revelação histórico-redentiva e revelação para orientação pessoal é uma falsa dicotomia?”[6] Milne argumenta convincentemente que interpretar o termo “salvação” como empregado na Confissão não é tarefa fácil,

parcialmente porque um propósito maior de uma confissão de fé é a sua capacidade de sumarizar o caminho de salvação em vez de descrever a natureza da salvação em si; parcialmente porque a CFW não apresenta nenhuma definição explícita; e parcialmente porque a terminologia “salvação” na teologia puritana era frequentemente caracterizada pela própria fluidez de significado da Bíblia e ausência de precisão no uso dessa linguagem.[7]

Milne observa ainda que uma pesquisa nos Padrões de Westminster “revela que o substantivo, as formas verbais e o conceito de ‘salvação’ aparecem muitas vezes ao longo desses documentos, mas a definição do conceito não é uniforme”.[8] Como evidência dessa afirmação creio que alguns exemplos possam ser apresentados. No Capítulo 2.1, sobre Deus e a Santíssima Trindade, salvação é entendida como perdão dos pecados e libertação da justa retribuição da ira de Deus que não inocenta o culpado. Em 3.5, sobre o Eterno Decreto de Deus, salvação é conceituada como eleição em Cristo Jesus para a glória eterna. Já no parágrafo 6 desse mesmo capítulo os elementos dessa salvação são apresentados, a saber: “santificação, justificação, obediência, santidade, adoção como filhos e boas obras”.[9] No caso, salvação compreende toda a Ordo Salutis. Milne conclui a sua investigação sobre o sentido de “salvação” na CFW afirmando: “Dentro dos capítulos da CFW nós encontramos evidência interna para uma ampla definição de salvação que transcende redenção pessoal ou salvação escatológica e que oferece ao crente benefícios que incluem bênçãos temporais”.[10]

Observemos, por exemplo, o que diz o capítulo 14, sobre a Fé Salvífica, em seu segundo parágrafo:

II. Por esta fé, o cristão, segundo a autoridade do mesmo Deus que fala em sua palavra, crê ser verdade tudo quanto nela é revelado, e age de conformidade com aquilo que cada passagem contém em particular, prestando obediência aos mandamentos, tremendo às ameaças e abraçando as promessas de Deus para esta vida e para a futura; porém, os principais atos de fé salvadora são: aceitar e receber a Cristo e descansar só nele para a justificação, santificação e vida eterna, isso em virtude do pacto da graça.[11]

Neste trecho a CFW afirma que a fé salvadora leva uma pessoa a abraçar as promessas de Deus que são cumpridas nesta vida. Por esta razão, é que mesmo que o principal e maior objetivo da salvação seja a libertação espiritual do pecado e da ira de Deus, a fé salvadora abraça promessas de assistência temporal: “Portanto, ela conjuga bênçãos ou privilégios terrenos ao conceito puritano de salvação, e assim liga libertação temporal às promessas da Escritura”.[12]

Após investigar o conceito de “salvação” na própria Confissão, Milne procede com uma exposição de como os divines de Westminster fizeram uso do termo em seus escritos. Ele apresenta inúmeros trechos de obras de Sydrach Simpson (1600-1655), Obadiah Sedgwick (1600-1658), William Lyford (1598-1653), William Bridge (1600-1670), Thomas Goodwin (1600-1680) e Edward Reynolds (1599-1676), apenas para citar alguns.[13] Após toda investigação feita, Milne conclui o seguinte:

“Salvação”, para o puritano, era um conceito que incluía a libertação e reforma temporal pessoal, nacional e internacional, e não estava, portanto, confinado à redenção pessoal do pecado e da ira de Deus. Foi esse conceito, tão amplamente explorado nos sermões dos divines de Westminster, que fez o seu caminho para dentro da CFW.[14]

A implicação deste pensamento é óbvia. Ora, se o conceito de “salvação” na Confissão não diz respeito unicamente à libertação do pecado e da ira de Deus, mas, em vez disso, envolve até mesmo questões relacionadas a esta vida ou ao cotidiano, então, a Confissão não ensina que cessou apenas a revelação necessária para aquele conceito de salvação.

Prova adicional de que a Confissão não ensina uma cessação parcial relacionada unicamente ao assentamento de nova doutrina essencial à salvação é o que ela ensina em outro parágrafo do capítulo 1º. Ela afirma de maneira explícita que as Sagradas Escrituras são a revelação de Deus não apenas para a salvação do homem em seu sentido redentivo pessoal, mas também para a fé e a vida do homem:

VI. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na Palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comuns às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras da Palavra, que sempre devem ser observadas.[15]

A afirmação confessional é suficientemente clara. Não é expressamente declarado nem pode ser lógica ou claramente deduzido da Escritura todo o Conselho de Deus necessário apenas para a salvação pessoal do homem. De acordo com a Confissão, tudo aquilo que é necessário para a salvação, sim, mas também para a fé e a vida do homem está nas Sagradas Escrituras. É temerário desconectar o parágrafo 1.1 do 1.6. Aquilo que no primeiro parágrafo é afirmado de maneira generalizada é aqui afirmado em detalhes. A igreja não possui a vontade de Deus revelada apenas sobre assuntos concernentes à salvação, como afirma Cunha (p. 37). Ela possui todo o desígnio de Deus acerca de tudo aquilo que concerne à salvação, fé e vida. Tanto é assim, que logo após esta declaração, os divines acrescentam: “À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens”. De acordo com a CFW, nada pode ser acrescentado à Escritura que já traz em seu escopo toda a vontade de Deus para a salvação, a fé e a vida do homem.

Chad Van Dixhoorn, erudito responsável pela edição da obra Minutes and Papers of the Westminster Assembly, em seu excelente comentário da Confissão, afirma o seguinte sobre o parágrafo 1.6:

A suficiência da Escritura se aplica a todas as questões relacionadas à nossa salvação. Não precisamos ir a nenhum outro lugar – nós não podemos ir a qualquer outro lugar – para encontrarmos o caminho da salvação. Isso também se aplica a todas as questões de fé – toda doutrina cristã deve ser derivada apenas da Bíblia. E as Escrituras também são suficientes para a vida, o que significa que, de acordo com a Assembleia de Westminster, somente a Bíblia contém a lei de Deus, bem como todos os princípios gerais aos quais temos de aderir para vivermos diante da face de Deus. A suficiência da Escritura para a vida não nega que necessitamos de constante e extensiva informação e suprimentos do mundo criado, a fim de vivermos. É claro que precisamos. A Escritura é suficiente no sentido de que nenhuma revelação especial posterior de Deus é necessária para nos guiar através da vida, além da revelação graciosamente disponível a nós na Bíblia.[16]

Também extremamente pertinente ao assunto é o comentário de Dixhoorn a respeito da cláusula “tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo”:

A Bíblia também é necessária porque Deus não mais revela a si mesmo por meio de sonhos, visões e profetas. Aqueles veículos de revelação não são mais necessários e não mais funcionam. William Gouge, um patriarca puritano na Assembleia de Westminster, argumentou que “pretensão de nova luz e inspiração imediata nestes dias é uma mera pretensão”. Francis Cheynell queixou-se de pessoas, em seus dias, que muito rapidamente davam lugar na tribuna para qualquer um que havia se convencido de ter alguma interpretação espiritual da Palavra por “inspiração, sugestão ou assistência do Santo Espirito”. E George Walker, ainda outro membro da Assembleia que escreveu sobre o assunto, tinha palavras duras para homens fracos que diziam às damas para se casarem com eles por causa de alguma “pretensão de inspiração e revelação divina”. Seja por preguiça ou desespero, os homens não devem tentar empurrar uma mulher para um pouco mais perto do casamento porque “Deus disse” que eles foram feitos um para o outro.[17]

Contraste as palavras acima com a afirmação de Cunha, no sentido de que as Sagradas Escrituras, aquelas que, de acordo com a CFW contém todo o desígnio de Deus referente à salvação, fé e vida do homem, “não alcançam todas as particularidades sobre as quais um crente genuíno certamente necessitará de orientação providencial de Deus, eg.[sic] com quem se deve casar, se deve comprar determinado imóvel, ou vendê-lo, et al” (p. 149). Verifica-se, portanto, que Cunha está em descompasso com a Confissão, bem como com aquilo que os seus autores escreveram em obras próprias.

Ainda sobre este tópico algo precisa ser dito sobre a ideia de que, em razão da presença de “continuístas” entre os divines[18], buscou-se uma proposição que conciliasse a diversidade de opiniões a respeito da cessação ou não da revelação. Uma das principais alegações de Cunha é que os dois pastores escoceses enviados à Assembleia, Samuel Rutherford e George Gillespie, eram continuístas, homens conhecidos na Escócia como possuidores do dom de profecia. Assim, uma vez que eles estiveram presentes e exerceram grande influência na Assembleia, o ideal era buscar a acomodação das opiniões divergentes sobre o assunto.

Robert Letham, outro erudito pesquisador da Assembleia de Westminster contesta com veemência esta opinião. De acordo com ele, a questão da revelação especial não foi alvo de discórdia que demandasse uma acomodação de opiniões divergentes. De acordo com ele, houve “acordo generalizado sobre o seu conteúdo. As atas não apresentam nenhum indício de discórdia significativa. Os debates sobre o capítulo duraram um bom tempo, de S463 M 7.7.45 a S472 F 18.7.45, mas foram feitas apenas duas pequenas alterações para o relatório da comissão”.[19] Letham vai adiante e afirma que, especificamente sobre a cláusula cessacionista, “não há nenhum traço de debate sobre esta questão nas atas. Se tivesse existido qualquer um, certamente teria inflamado o interesse, visto que qualquer sugestão de continuação da revelação teria enfraquecido a polêmica protestante e reformada contra Roma e os Quakers”.[20]

E aqui nós encontramos uma informação de extrema importância para chegarmos ao entendimento correto sobre a afirmação confessional. Letham contextualiza as discussões da Assembleia como direcionadas à Igreja Romana e também aos Quakers. A fim de consubstanciar a sua tese, Cunha situa a polêmica de Westminster como direcionada única e exclusivamente à Igreja de Roma (p. 36):

No primeiro plano, vemos a preocupação dos delegados em afirmar uma espécie de contraponto à estrutura de revelação geral. É certo que a escrita bíblica visa preencher duas lacunas importantes e a primeira delas é oferecer algo de revelação especial para melhor transmitir o conhecimento detalhado de Deus e de sua vontade necessário à salvação, ou seja, que a Bíblia se opõe a qualquer teologia que não se alicerce na garantia de que a salvação do homem se dá unicamente no altar da Justiça de Cristo. Os teólogos de Westminster estavam se opondo claramente à tradição romanista das indulgências, por exemplo. Neste sentido, ninguém poderia se apresentar como portador de nova revelação divina referente à salvação humana, tendo em vista o assentamento definitivo de doutrina a respeito. Por mais que a Igreja romana alegasse autoridade, autoridade judiciosa ostenta as Escrituras que continha toda revelação no tocante à salvação humana, diziam os de Westminster. Não podemos esquecer que este capítulo confronta claramente a tradição romanista de ser a palavra final em termos de doutrina do conhecimento de Deus e da salvação do homem. A nosso ver, não trata sobre cessação dos dons de revelação, como a erudição cessacionista tem sugerido.

Não há uma única palavra a respeito dos Quakers. Isto é compreensível, uma vez que para sustentar a tese da oposição de Westminster ao assentamento de novas doutrinas para a salvação é necessário omitir qualquer referência ao misticismo quakerista. Se o problema era apenas Roma, então o a afirmação confessional tem apenas Roma em mente. Todavia, como Letham e outros estudiosos deixam claro, a preocupação dos divines de Westminster também era com o misticismo de grupos radicais, como os Familistas[21], os Seekers[22], os Schwenkfeldianos[23] e os Quakers. John V. Fesko, professor de Teologia Histórica e Teologia Sistemática no Westminster Seminary California, em Escondido, afirma que “é um erro pensar que a única ameaça teológica contra a fé reformada percebida na Inglaterra era a Igreja Católica Romana”.[24] De acordo com ele, a Inglaterra do século 17 era caracterizada por um pluralismo religioso que incluía “Arminianos, Anabatistas, Antinomianos, Entusiastas, Erastianos, Familistas, Brownistas, Papistas, Quakers, Socianianos e semelhantes”.[25] Garnet Milne também pontua que o ideal puritano de uma ortodoxia unificada tinha em mente todos esses grupos, que “frequentemente comprometiam o princípio protestante do Sola Scriptura, por apelarem a revelações imediatas do Espírito Santo”.[26] Falando especificamente a respeito dos Quakers, Milne assevera que eles se tornaram os mais ferrenhos oponentes do cessacionismo de Westminster, pois “acreditavam que a ortodoxia reformada cometeu um erro fundamental ao confinar a Palavra de Deus à Escritura”.[27] Milne adiciona algumas informações interessantíssimas a respeito da polêmica entre a teologia de Westminster e os Quakers:

Entretanto, posteriormente os Quakers provaram ser um desafio maior à hegemonia espiritual da ortodoxia reformada na Inglaterra, Escócia e Nova Inglaterra. Os Quakers questionaram a doutrina protestante central da unidade da Palavra e do Espírito quando argumentaram que a CFW negou, de maneira imprópria, a possibilidade de “revelações imediatas”. O próprio George Fox denunciou as reivindicações da Declaração de Savoy e da CFW de que a revelação havia cessado, o que ele havia compreendido como significando que toda revelação imediata extra bíblica fora concluída. Alguns Quakers consideravam que a CFW era apenas inconsistente a este respeito, mas quando se engajaram em debate com presbiterianos confessionais e independentes, eles passaram a crer que este era um erro fundamental. A maneira como a ortodoxia protestante respondeu sugere que os Quakers entenderam corretamente a CFW.[28]

Derek Thomas, numa avaliação semelhante do contexto religioso da Assembleia de Westminster, afirma que ao ler o primeiro parágrafo da Confissão é preciso lembrar que duas questões estão por detrás: “primeiro, a posição de Roma em reclamar a autoridade da Igreja em matéria de fé e vida; segundo, a tendência dos anabatistas de citar novas revelações do Espírito como algo normativo da fé e comportamento cristãos”.[29] A respeito dos anabatistas, Scott Thomas Murphy, em sua tese de PhD, escrita em 1985, afirma que os anabatistas podiam ser divididos em vários grupos: 1. Aqueles que enfatizavam indevidamente o Antigo Testamento; 2. Aqueles que enfatizavam indevidamente o Novo Testamento; 3. Os racionalistas, como Fausto Socino; 4. Os espiritualistas, como Thomas Münzer; e 5. Os evangelicais, representados por Menno Simons. De acordo com Murphy, “foram os espiritualistas, que separavam a Palavra e o Espírito, que mais preocupavam os divines de Westminster”.[30] Um dos argumentos repetidos ad nauseam por Cunha ao longo do seu livro é que não há problema em se afirmar a perpetuidade do dom de profecia e o princípio do Sola Scriptura. De acordo com ele, o verdadeiro problema é se apegar a novas revelações em detrimento da Escritura. No entanto, nem mesmo os anabatistas faziam isso de forma absoluta. Sobre isso, Murphy adiciona uma qualificação a esta afirmação sobre separação entre Palavra e Espírito:

Em vez de confiar na autoridade das Escrituras, Thomas Münzer se baseou na palavra interior. Essa palavra interior é a comunicação direta do Espírito com o crente, à parte da Escritura. Münzer usava as Escrituras apenas como uma confirmação de que as suas experiências eram as mesmas dos santos nos tempos bíblicos.[31]

É interessante que a parte destacada expressa o mesmo princípio defendido por Cunha, a saber, que as Escrituras atestam que as alegadas experiências de teólogos representativos da teologia reformada são as mesmas do período bíblico. Vê-se, portanto, que Cunha labora em erro sério quando limita o contexto da cláusula cessacionista à polêmica contra o catolicismo romano. Trata-se de um erro crasso, pois o mesmo norteia toda a sua pesquisa.

Entender o contexto religioso das discussões sobre a revelação especial que tiveram lugar na Assembleia nos permite entender não apenas o significado de “salvação” na CFW, mas também o quê exatamente cessou. A partir de diversos escritos dos delegados presentes na Assembleia é possível chegar à conclusão inequívoca de que a Confissão afirma um cessacionismo de tipo abrangente. O. Palmer Robertson, por exemplo, num artigo a respeito do Espírito Santo na Confissão de Fé de Westminster, parte do documento elaborado pela Assembleia a respeito da forma de governo da igreja de Cristo[32], e afirma que neste documento é afirmada explicitamente a cessação dos ofícios de apóstolo, evangelista e profeta. Sua conclusão é digna de nota: “Parece claro a partir dessa distinção que a Assembleia de Westminster determinou, em seus estágios mais primevos, registrar sua opinião de que os ofícios fundacionais pelos quais a revelação foi trazida à igreja, não mais funcionavam na vida da igreja”.[33] E dada a ligação entre ofícios e dons, Robertson argumenta que a ausência de um tratamento extensivo dos dons do Espírito Santo na Confissão de Westminster é um claro indicativo de que

a Assembleia sentiu ter tratado suficientemente desse assunto em seu Diretório para o Culto Público de Deus e na Forma Presbiteriana de Governo de Igreja, bem como na afirmação do capítulo de abertura da Confissão de Westminster a respeito da cessação dos dons revelacionais.[34]

O cessacionismo da Confissão de Westminster pode ser claramente percebido na maneira como quatro passagens-chave foram abordadas nos escritos dos divines que participaram da Assembleia: Efésios 1.17-18, Hebreus 1.1-2, Atos 2.17-18 e Joel 2.28. É preciso destacar, inclusive, que as duas primeiras passagens aparecem como dicta probantia da cláusula cessacionista. Milne afirma que, “todos os símbolos de Westminster usam as três citações separadas, Ef 1.17, ou 1.18 e a passagem completa de Ef 1.17-19, seis vezes como textos-prova, sempre num contexto que assume que a Palavra e o Espírito funcionam juntos no processo de ‘revelação’”.[35] É imprescindível que se destaque que os puritanos autores da Confissão utilizavam a passagem de Efésios para estabelecer uma distinção entre revelação “imediata” e “mediata”. Murphy define “revelação imediata” como “um ato ocorrendo diretamente sem a intervenção de um agente e à parte de todos os meios ou cooperação humanos”.[36] Baseando-se em escritos de puritanos como Samuel Rutherford, George Gillespie[37], Edward Reynolds, Edmund Calamy, Joseph Caryl e até mesmo William Bridge, Murphy afirma ainda que os divines usaram a palavra “imediata” para se referir a coisas tais como: “A criação do mundo a partir do nada, o efeito da graça na alma, e vozes vindas do céu”.[38] Já a revelação “mediata”, por seu turno, diz respeito à “iluminação através de alguns meios, entendida pela ortodoxia reformada como envolvendo ao menos a agência humana e as Escrituras”.[39] Para a ortodoxia de Westminster, conquanto revelação mediata fosse algo ainda existente, a revelação imediata não mais acontecia.

O puritano Anthony Burgess, por exemplo, um dos delegados presentes na Assembleia, escreveu uma série de sermões a respeito da oração sacerdotal de Jesus Cristo, em João 17. Ao longo desses sermões Burgess aborda a doutrina da Escritura negando qualquer possibilidade de profecia ou revelação imediata. Milne sumaria a exposição de Burgess em seus sermões como segue:

Não obstante outras razões para limitar a fonte da voz de Deus, ele conclui que a voz de Deus é ouvida agora apenas nas Escrituras porque Deus cessou de converter, santificar e transmitir profecia por “revelação imediata”. “Deus, que poderia converter imediatamente, Burgess insiste, “e fazer uma casa para nossos corações, como ele fez aos profetas por uma revelação imediata, levou isso embora”. A vontade de Deus deve ser buscada na Bíblia, visto que “nesta última era ele guia [a igreja] apenas pelas Escrituras”.[40]

O presbiteriano escocês David Dickson (1583-1663), contemporâneo da Assembleia de Westminster e, por isso mesmo, familiarizado com seu contexto religioso bem como com as suas discussões, em seu comentário da Confissão intitulado Praelectiones in Confessionem Fidei, posteriormente vertido para Truth’s Victory Over Error, tratou do parágrafo de abertura do seguinte modo:

Questão 3
Aqueles modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo cessaram?

Sim.

Deste modo, então, não estariam os Entusiastas e os Quakers errados, ao afirmarem que o Senhor não cessou de revelar a sua vontade, como ele o fez na antiguidade?

Sim.

Por quais razões eles devem ser rejeitados?

Porque Deus, que muitas vezes e de muitas maneiras, falou em tempos passados aos pais, por meio dos profetas, nestes últimos nos falou por meio de seu Filho (Hb 1:1-2). O apóstolo chama o tempo do Novo Testamento de últimos dias, porque sob o mesmo período nenhuma alteração deveria ser esperada, senão que todas as coisas estavam completas e deveriam permanecer sem adição ou mudança, como ensinadas e ordenadas por Cristo, até o último dia (veja também Jl 2:28; At 2:27). Os modos e maneiras da antiguidade eram: primeiro, pela inspiração (2 Cr 15:1; Is 59:21; 2 Pe 1:21); segundo, por visões (Nm 12:6); terceiro, por sonhos (Jó 33:14-16; Gn 40:8); quarto, pelo Urim e Tumim (Nm 27:21; 1 Sm 30:7-8); quinto, por sinais (Gn 32:24-32; Êx 12:21); sexto, por voz audível (Êx 20:1; Gn 22:15). Todos findaram com a escrita (Êx 17:14), que é o mais seguro e infalível modo do Senhor revelar a sua vontade ao seu povo.[41]

Conclusão

Há muito ainda a ser dito a respeito da obra Sob os Céus da Escócia. Até aqui foi avaliado apenas o tratamento dispensado à Assembleia de Westminster e sua Confissão. No entanto, há muitas informações que precisam receber a sua devida atenção, a fim de se evidenciar os seus muitos problemas. Acredito, porém, que as maiores dificuldades da obra estejam em associações falaciosas existentes ao longo da obra, cujo propósito nítido é, não apresentar uma proposta de diálogo entre cessacionismo e continuísmo, mas tão somente atacar aquele. Tanto é assim, que Cunha nunca se preocupou em apresentar uma definição do que é o cessacionismo. Ele apenas o menciona e o ataca, comparando-o ao ateísmo e à teologia liberal de Rudolf Bultmann.

Após este pequeno arrazoado, creio que é possível chegarmos à conclusão que, não, a Confissão de Fé de Westminster não é um documento continuísta como propõe Renato Cunha. Fica patente que tal tese aventada na obra Sob os Céus da Escócia é viciada dada a omissão – digamos que não intencional – dos conflitos entre os puritanos e grupos como os Anabatistas e os Quakers. O parágrafo de abertura da Confissão não afirma a cessação apenas de doutrinas concernentes à salvação, em oposição às reivindicações do Catolicismo Romano. A declaração confessional assevera a cessação de toda e qualquer revelação referente à salvação, fé e vida do homem. Afirmar o contrário, como faz Cunha, é laborar em erro. A conclusão de Garnet Milne é extremamente relevante para a conclusão da presente análise. Por isso a transcrevo abaixo:

Uma análise dos escritos dos teólogos de Westminster revela seu universal compromisso com um cessacionismo de um tipo bastante abrangente. Em sua exposição de textos-chave como Efésios 1.17-18, Hebreus 1.1-2 e Joel 2.28-32/Atos 2.17, uma enorme proporção dos teólogos afirma que a possibilidade de revelação posterior cessou, tanto para os propósitos de insights doutrinários como para orientação ética. Repetidamente ele contrasta o papel da Escritura com fenômenos como sonhos e visões como meios de comunicação divina, e argumentam que essas modalidades estão firmemente confinadas ao passado.[42]

A conclusão desta análise não assevera que havia unanimidade entre os divines. Já foi mencionado o caso de William Bridge. Também existiam exceções entre aqueles que não participaram da Assembleia, como é o caso do conhecido, amado e controverso Richard Baxter, mais conhecido pelo seu neonomismo. Na segunda parte serão consideradas as alegações de Cunha, no sentido de que Calvino, Knox, Edwards, Gillespie e Rutherford eram continuístas ou, no mínimo, tiveram uma mínima experiência com o dom de profecia.

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[1] Brian D. McLaren. A Mensagem Secreta de Jesus: Desvendando a Verdade que Poderia Mudar Tudo. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2006. p. 294.
[2] Deve-se salientar que Charles Spurgeon não é elencado na obra em tela. No entanto, é certo que o autor o insere dentro da linha continuísta, o que pode ser aferido em várias das suas postagens do Facebook. <https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=781465661976465&id=744828272306871>.
[3] No caso específico, a nota de rodapé correspondente (nº 13) traz apenas a seguinte informação: “op. cit. p. 30”, sem nenhuma indicação de autoria. O que torna a identificação complicada é o fato de que as duas notas anteriores são, respectivamente: “12 Anote-se que é o mesmo comentário feito por Calvino” e “11 RIBEIRO, Boanerges. O Culto em Corinto e o Nosso Culto. São Paulo: O Semeador, 1992. p. 17-18”. O mais provável é que se trate da obra de William Berends, citada na nota de rodapé nº 10.
[4] A Confissão de Fé de Westminster. I.1. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. p. 15. Ênfase acrescentada.
[5] A obra de Garnet Milne receberá grande atenção nesta crítica, uma vez que, como afirma o próprio Cunha, trata-se de “um brilhante trabalho de levantamento histórico-contextual” (p. 31). Além dele, Kevin DeYoung reputa a obra de Milne como “indubitavelmente, o melhor livro sobre cessacionismo no primeiro século da tradição reformada”. Cf. Kevin DeYoung. “The Puritans, Strange Fire, Cessationism, and the Westminster Confession”. <http://blogs.thegospelcoalition.org/kevindeyoung/2013/10/18/the-puritans-strange-fire-cessationism-and-the-westminster-confession/>. Acessado em 10/12/2015.
[6] Garnet Howard Milne. The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation: The Majority Puritan Viewpoint on Whether Extra-Biblical Prophecy is Still Possible. Eugene, OR: Wipf & Stock Publishers, 2007. p. 77.
[7] Ibid. pp. 77-78.
[8] Ibid. p. 78.
[9] Ibid. p. 79.
[10] Ibid. p. 80.
[11] A Confissão de Fé de Westminster. XIV.2. p. 115.
[12] Garnet Howard Milne. The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation: The Majority Puritan Viewpoint on Whether Extra-Biblical Prophecy is Still Possible. p. 81.
[13] Ibid. pp. 82-98.
[14] Ibid. p. 98.
[15] A Confissão de Fé de Westminster. I.6. p. 21. Ênfase acrescentada.
[16] Chad Van Dixhoorn. Confessing the Faith: A Reader’s Guide to the Westminster Confession of Faith. Edinburgh, UK: The Banner of Truth Trust, 2014. p. 17.
[17] Ibid. pp. 6-7.
[18] De acordo com Joel R. Beeke, William Bridge era uma “surpreendente exceção” entre os cessacionistas da Assembleia. Cf. o prefácio de: Garnet Howard Milne. The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation: The Majority Puritan Viewpoint on Whether Extra-Biblical Prophecy is Still Possible. p. xiii.
[19] Robert Letham. The Westminster Assembly: Reading its Theology in Historical Context. Phillipisburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing, 2009. p. 120.
[20] Ibid. p. 127.
[21] Grupo também conhecido como “Família do Amor”, estabelecido na Europa em cerca de 1540. Este grupo seguia os ensinamentos do espiritualista holandês Henry Nicholas, que tinha como ideal o estabelecimento do perfeito amor sobre a terra.
[22] Designação de vários pequenos grupos surgidos no início do século 17 e que, posteriormente, dariam origem aos Quakers. Os Seekers procuravam por uma nova igreja, crendo que todas as igrejas da época haviam se corrompido. As reuniões dos Seekers eram conduzidas, com frequência, em silêncio, falando apenas quando se sentiam inspirados pelo Espírito Santo.
[23] Seguidores de Kaspar Schwenkfeld von Ossig (1490-1561), um teólogo alemão que abandonou os ideais da Reforma. Schwenkfeld, antecipando uma ênfase dos Quakers, fez uma distinção entre a palavra exterior das Sagradas Escrituras e a palavra espiritual interior falada pelo Espírito Santo.
[24] J. V. Fesko. The Theology of the Westminster Standards. Wheaton, IL: Crossway 2014. p. 54.
[25] Ibid. p. 55.
[26] Garnet Howard Milne. The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation: The Majority Puritan Viewpoint on Whether Extra-Biblical Prophecy is Still Possible. p. 40.
[27] Ibid. p. 165.
[28] Ibid. p. 167. Ênfase acrescentada.
[29] Derek W. Thomas. A Visão Puritana das Escrituras: Uma Análise do Capítulo de Abertura da Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Os Puritanos, 1998. p. 20.
[30] Scott Thomas Murphy. The Doctrine of Scripture in the Westminster Assembly. Tese de Doutorado (PhD). Madison, NJ: Drew University, 1985. p. 20.
[31] Ibid.
[32] Trata-se do The Form of Presbyterial Church-Government and of the Ordination of Ministers, concluído em 1645, quatro anos antes da conclusão da Confissão.
[33] O. Palmer Robertson. “The Holy Spirit in the Westminster Confession”. In: Ligon Duncan (Ed.). The Westminster Confession into the 21st Century. Vol. 1. Christian Focus Publications, 2003. p. 96.
[34] Ibid. p. 94.
[35] Garnet Howard Milne. The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation: The Majority Puritan Viewpoint on Whether Extra-Biblical Prophecy is Still Possible. p. 113.
[36] Scott Thomas Murphy. The Doctrine of Scripture in the Westminster Assembly. p. 47.
[37] Tanto os casos de Samuel Rutherford como George Gillespie serão abordados na segunda parte desta crítica. Para o momento, é suficiente dizer que Cunha tem manifestado uma opinião dogmática em relação a uma discussão que está longe de ser resolvida, haja vista que os dois escoceses mencionados fizeram diversas afirmações de caráter ambíguo.
[38] Ibid. pp. 42-47.
[39] Garnet Howard Milne. The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation: The Majority Puritan Viewpoint on Whether Extra-Biblical Prophecy is Still Possible. p. 114.
[40] Ibid.
[41] David Dickson. Truth’s Victory Over Error: A Commentary on the Westminster Confession of Faith. Edinburgh, UK: The Banner of Truth Trust, 2007. pp. 3-4.
[42] Garnet Howard Milne. The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation: The Majority Puritan Viewpoint on Whether Extra-Biblical Prophecy is Still Possible. p. 145.

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