sexta-feira, agosto 29, 2014

Os Atributos Morais de Deus

Os Atributos Morais de Deus
Louis Berkhof



Os atributos morais de Deus são geralmente considerados como as perfeições divinas mais gloriosas. Não que um atributo de Deus seja em si mesmo mais perfeito e mais glorioso que outro, mas, relativamente ao homem, as perfeições morais de Deus refulgem com um esplendor todo seu. Geralmente são discutidos sob três títulos: (1) a bondade de Deus; (2) a santidade de Deus; e (3) a justiça de Deus.

1. A BONDADE DE DEUS. Esta geralmente é tratada como uma concepção genérica, incluindo diversas variedades que se distinguem de acordo com os seus objetos. Não se deve confundir a bondade de Deus com Sua benevolência, que é um conceito mais restrito. Falamos que uma coisa é boa quando ela corresponde em todas as suas partes ao ideal. Daí, em nossa atribuição de bondade de Deus, a idéia fundamental é que Ele é, em todos os aspectos e por todos os modos, tudo aquilo que deve ser como Deus, e, portanto, corresponde perfeitamente ao ideal expresso pela palavra “Deus”. Ele é bom na acepção metafísica da palavra, é perfeição absoluta e felicidade perfeita em Si mesmo. É neste sentido que Jesus disse ao homem de posição: “Ninguém é bom senão um só, que é Deus”, Mc 10.18; Lc 18.18, 19. Mas, desde que Deus é bom em Si mesmo, é também bom para as Suas criaturas e, portanto, pode ser chamado a fons omnium bonorum. Ele é a fonte de todo bem, e assim é apresentado de várias maneiras na Bíblia toda. O poeta canta: “Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz vemos a luz”, Sl 36.9. Todas as boas coisas que as criaturas fruem no presente e esperam no futuro, fluem para elas deste manancial inexaurível. E não somente isso, mas Deus é também o summum bonum, o sumo bem, para todas as Suas criaturas, embora em diferentes graus e na medida em que correspondem ao propósito da sua existência. Na presente conexão, naturalmente damos ênfase à bondade ética de Deus e a seus diferentes aspectos, como determinados pela natureza dos seus objetos.

a. A bondade de Deus para com Suas criaturas em geral. Esta pode ser definida como a perfeição de Deus que O leva a tratar benévola e generosamente todas as Suas criaturas. É a afeição que o Criador sente para com as Suas criaturas dotadas de sensibilidade consciente como tais. O salmista a exalta com as bem conhecidas palavras: “O Senhor é bom para todos, e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras... Em ti esperam os olhos de todos, e tu, a seu tempo, lhes dás o alimento. Abres a tua mão e satisfazes de benevolência a todo vivente”, Sl 145.9, 15, 16. Este benévolo interesse de Deus é revelado em Seu cuidado pelo bem-estar da criatura e corresponde à natureza e às circunstâncias da criatura. Varia naturalmente em grau, de acordo com a capacidade que os seus objetos têm de recebe-lo. E embora não se restrinja aos crentes, somente estes manifestam apropriada apreciação das bênçãos que dela provêm, desejo de usa-las no serviço do seu Deus e, assim, desfrutam-na em medida mais rica e mais completa. A Bíblia refere-se a esta bondade de Deus em muitas passagens, como Sl 36.6; 104.21; Mt 5.45; 6.26; Lc 6.35; At 14.17.
b. O amor de Deus. Quando a bondade de Deus é exercida para com as Suas criaturas racionais, assume o caráter mais elevado de amor, e ainda se pode distinguir este amor de acordo com os objetos aos quais se limita. Em distinção da bondade de Deus em geral, o Seu amor pode ser definido como a perfeição de Deus pela qual Ele é movido eternamente à Sua própria comunicação. Desde que Deus é absolutamente bom em Si mesmo, Seu amor não pode achar completa satisfação em nenhum objeto falto de perfeição absoluta. Ele ama as Suas criaturas racionais por amor a Si mesmo, ou, para expressá-lo doutra forma, neles Ele se ama a Si mesmo, Suas virtudes, Sua obra e Seus dons. Ele nem mesmo retira completamente o Seu amor do pecador em seu estado pecaminoso atual, apesar de que o pecado deste é uma abominação para Ele, visto que, mesmo no pecador, Ele reconhece um portador da Sua imagem. Jo 3.16; Mt 5.44, 45. Ao mesmo tempo, Ele ama os crentes com amor especial, dado que os vê como Seus filhos espirituais em Cristo. É a estes que Ele se comunica no sentido mais rico e mais completo, com toda a plenitude da Sua graça e misericórdia. Jo 16.27; Rm 5.8; 1 Jo 3.1.
c. A graça de Deus. A significativa palavra “graça” é uma tradução do termo hebraico chanan e do grego charis. Segundo a Escritura, é manifestada não só por Deus, mas também pelos homens, caso em que denota o favor de um homem a outro, Gn 33.8, 10, 18; 39.4; 47.25; Rt 2.2; 1 Sm 1.18; 16.22. Nestes casos não implica necessariamente que o favor é imerecido. Em geral se pode dizer, porém, que a graça é a concessão de bondade a alguém que não tem nenhum direito a ela. É este particularmente o caso em que a graça a que se faz referência é a graça de Deus. Seu amor ao ser humano é sempre imerecido e, quando mostrado a pecadores, estes são até privados dele. A Bíblia geralmente emprega apalavra para indicar a imerecida bondade ou amor de Deus aos que perderam o direito a ela e, por natureza, estão sob a sentença de condenação. A graça de Deus é a fonte de todas as bênçãos espirituais concedidas aos pecadores. Como tal, lemos a seu respeito em Ef 1. 6.7; 2.7-9; Tt 2.11; 3.4-7. Embora a Bíblia fale muitas vezes da graça de Deus como graça salvadora, também faz menção dela num sentido mais amplo, como em Is 26.10; Jr 16.13. A graça de Deus é da maior significação prática para os pecadores. É pela graça que o caminho da redenção foi aberto para eles, Rm 3.24; 2 Co 8.9, e que a mensagem da redenção foi levada ao mundo, At 14.3. pela graça os pecadores recebem o dom de Deus em Jesus Cristo, At 18.27; Ef 2.8. Pela graça eles são justificados, Rm 3.24; 4.16; Tt 3.7, são enriquecidos de bênçãos espirituais, Jo 1,16; 2 Co 8.9; 2 Ts 2.16, e finalmente herdam a salvação, Ef 2.8; Tt 2.11. Vendo-se absolutamente sem méritos próprios ficam na total dependência da graça de Deus em Cristo. No modernismo teológico, com sua crença na bondade inerente do homem e em sua capacidade de bastar-se a si próprio, a doutrina da salvação pela graça tornou-se praticamente um “acorde perdido”, e mesmo a palavra “graça” foi esvaziada de toda significação espiritual e desapareceu dos discursos religiosos. Só foi conservada no sentido de “graciosidade”, coisa inteiramente externa. Felizmente há algumas evidências de uma renovada ênfase ao pecado, e de uma recém-despertada consciência da necessidade da graça divina.
d. A misericórdia de Deus. Outro importante aspecto da bondade e amor de Deus é a Sua misericórdia ou terna compaixão. A palavra hebraica mais geralmente empregada para esta perfeição é chesed. Há outra palavra, porém, que expressa uma terna e profunda compaixão, a saber, a palavra racham, às vezes lindamente traduzida por “terna misericórdia”. A Septuaginta e o Novo Testamento empregam a palavra grega eleos para designar a misericórdia de Deus. Se a graça de Deus vê o homem como culpado diante de Deus e, portanto, necessitado de perdão, a misericórdia de Deus o vê como um ser que está suportando as conseqüências do pecado, que se acha em lastimável condição, e que, portanto, necessita do socorro divino. Pode-se definir a misericórdia divina como a bondade ou amor de Deus demonstrado para com os que se acham na miséria ou na desgraça, independentemente dos seus méritos. Em Sua misericórdia Deus se revela um Deus compassivo, que tem pena dos que se acham na miséria e está sempre pronto a aliviar a sua desgraça. Esta misericórdia é generosa, Dt 5.10; Sl 57.10; 86.5, e os poetas de Israel se dedicam em entoar canções descrevendo-a como duradoura e eterna, 1 Cr 16.34; 2 Cr 7.6; Sl 136; Ed 3.11. No Novo Testamento é muitas vezes mencionada ao lado da graça de Deus, especialmente nas saudações, 1 Tm 1.2; 2 Tm 1.1; Tt 1.4. Repetidamente se nos diz que essa perfeição divina é demonstrada para com os que temem a Deus, ex 20.2; Dt 7.9; Sl 86.5; Lc 1.50. Não significa, porém, que se limita a eles, conquanto a desfrutem em medida especial. As ternas misericórdias de Deus estão sobre todas as Suas obras, Sl 145.9, e até os que não O temem compartilham delas, Ez 18.23, 32; 33.11; Lc 6.35, 36. Não se pode apresentar a misericórdia de Deus como oposta à Sua justiça. Ela é exercida somente em harmonia com a mais estrita justiça de Deus, em vista dos méritos de Jesus Cristo. Outros termos empregados para expressar a misericórdia de Deus são “piedade”, “compaixão”, “benignidade”.
e. A longanimidade de Deus. A longanimidade de Deus é ainda outro aspecto da Sua grande bondade ou amor. O hebraico emprega a expressão ‘erek ‘aph, que significa literalmente “grande de rosto” e daí também “lento para a ira”, enquanto que o grego expressa a mesma idéia com a palavra makrothymia. É o aspecto da bondade ou amor de Deus em virtude do qual Ele tolera os rebeldes e maus, a despeito da sua prolongada desobediência. No exercício deste atributo o pecador é visto como permanecendo em pecado, não obstante as admoestações e advertências que lhe vêm. Revela-se no adiantamento do merecido julgamento. A Escritura fala da longanimidade de Deus em Êx 34.6; Sl 86.15; Rm 2.4; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.15. Um termo sinônimo, com uma conotação ligeiramente diversa, é a palavra “paciência”.

2. A SANTIDADE DE DEUS. A palavra hebraica para “ser santo”, qadash, deriva da raiz qad, que significa cortar ou separar. É uma das palavras religiosas mais proeminentes do Velho Testamento, e é aplicada primariamente a Deus. A mesma idéia é comunicada pelas palavras hagiazo e hagios, no Novo Testamento. Disto já se vê que não é correto pensar na santidade primariamente como uma qualidade moral ou religiosa, como geralmente se faz. Sua idéia fundamental é a de uma posição ou relaçãoexistente entre Deus e uma pessoa ou coisa.
a. Sua natureza. A idéia escriturística da santidade de Deus é dupla. Em sentido original denota que Ele é absolutamente distinto de todas as Suas criaturas, e é exaltado acima delas em majestade infinita. Assim entendida, a santidade de Deus é um dos Seus atributos transcendentais e às vezes é mencionada como a Sua perfeição central e suprema. Não parece próprio falar de um atributo de Deus como sendo mais central e mais fundamental que outro; mas, se fosse permissível isto, a ênfase da Escritura à santidade de Deus pareceria justificar a sua escolha. Contudo, é evidente que, neste sentido da palavra, a santidade não é realmente um atributo moral, que possa ser coordenado com outros, como o amor, a graça e a misericórdia, mas é antes uma coisa de amplitude igual à de todos os predicados de Deus e a eles aplicável. Ele é santo em tudo aquilo que O revela, em Sua graça e bondade como também em Sua ira e justiça. Pode-se-lhe chamar “majestade-santidade” de Deus e passagens como ex 15.11; 1 Sm 2.2; Is 57.15 e Os 11.9 se referem a ela. É a santidade de Deus que Otto, em sua importante obra sobre o Santo (Das Heilige), considera como aquilo que é mais essencial em Deus, e que ele designa como “o numinoso”. Ele a considera como parte do não-racional em Deus, em que não se pode pensar conceptualmente, e que inclui idéias como “inacessibilidade absoluta” e “domínio absoluto” ou “majestade temível”. Desperta no homem um sentimento de nulidade absoluta, uma “consciência” ou “sentimento de condição de criatura” que leva a um auto-rebaixamento absoluto.

Mas a santidade de Deus tem também um aspecto especificamente ético na Escritura, e é neste seu aspecto que estamos mais interessados nesta conexão. A idéia ética da santidade divina não pode ser dissociada da idéia da majestade-santidade de Deus. Aquela desenvolve-se a partir desta. A idéia fundamental da santidade ética de Deus também é a de separação, mas, neste caso, a separação é do mal moral, isto é, do pecado. Em virtude da sua santidade, Deus não pode ter comunhão com o pecado, Jô 34.10; Hc 1.13. Empregada neste sentido, a palavra “santidade” indica a pureza majestosa de Deus, ou a Sua majestade ética. Mas a idéia de santidade não é meramente negativa (separação do pecado); tem igualmente um conteúdo positivo, a saber, o de excelência moral, ou perfeição ética. Se o homem reage à santidade majestosa de Deus com um sentimento de completa insignificância e temor, sua reação à santidade ética revela-se num senso de impureza, numa consciência de pecado, Is 6.5. Otto reconhece também este elemento na santidade de Deus, embora acentue o outro, e a respeito da resposta ele diz: “O simples temor, a simples necessidade de refúgio face ao ‘tremendum’, elevou-se aqui ao sentimento de que o homem, em sua condição de ‘profano’, não é digno de ficar na presença do Santo, e de que a sua inteira indignidade pessoal poderia contaminar até mesmo a própria santidade”. Esta santidade ética de Deus pode ser definida como a perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer manter e mantém a Sua excelência moral, aborrece o pecado, e exige pureza moral em Suas criaturas.
b. Sua manifestação. A santidade de Deus é revelada na lei moral implantada no coração do homem e que fala por meio da consciência e, mais particularmente, na revelação especial de Deus. Expressa-se proeminentemente na lei dada a Israel. Essa lei, em todos os seus aspectos, foi planejada para imprimir em Israel a idéia da santidade de Deus, e para leva-lo a sentir fortemente a necessidade de levar vida santa. A este propósito atendem símbolos e tipos como a nação, a terra santa, a cidade santa, o lugar santo e o sacerdócio santo. Além disso, foi revelada na maneira como Deus recompensava a observância da lei e visitava os transgressores com terríveis punições. A suprema revelação da santidade de Deus foi dada em Jesus Cristo, que é chamado “o Santo e o Justo”, At 3.14. Ele refletiu em Sua vida a perfeita santidade de Deus. Finalmente, a santidade de Deus é também revelada na Igreja como o corpo de Cristo. É um fato notável, para o qual muitas vezes se chama a atenção, que se atribui santidade a Deus com muito maior freqüência no Velho Testamento que no Novo, conquanto isto seja feito ocasionalmente no Novo Testamento, Jo 17.11; 1 Pe 1.16; Ap 4.8; 6.10. Isto se deve provavelmente ao fato de que o Novo Testamento destina mais particularmente o termo para qualificar a terceira Pessoa da Trindade Santa como Aquele cuja tarefa especial, na economia da redenção, consiste em comunicar santidade ao Seu povo.

3. A JUSTIÇA DE DEUS. Este atributo relaciona-se estreitamente com o da santidade de Deus. Shedd fala da justiça de Deus como “um modo de Sua santidade”, e Strong lhe chama simplesmente “santidade transitiva”. Contudo, estes termos só se aplicam à geralmente denominada justiça relativa de Deus, em distinção de Sua justiça absoluta.
a. A idéia fundamental de justiça. A idéia fundamental de justiça é a de estrito apego à lei. Entre os homens ela pressupõe que há uma lei à qual eles devem ajustar-se. Às vezes se diz que não podemos falar de justiça em Deus, porque não há lei à qual Ele esteja sujeito. Mas, embora não haja lei acima de Deus, certamente há uma lei na própria natureza de Deus, e esta constitui o mais elevado padrão possível, pelo qual todas as outras leis são julgadas. Geralmente se faz distinção entre a justiça absoluta de Deus e a relativa. Aquela é a retidão da natureza divina, em virtude da qual Deus é infinitamente reto em Si mesmo, enquanto que esta é a perfeição de Deus pela qual Ele se mantém contra toda violação da Sua santidade e mostra, em tudo e por tudo, que Ele é Santo. É a esta retidão que o termo “justiça” se aplica mais particularmente. A justiça se manifesta especialmente em dar a cada homem o que lhe é devido, em trata-lo de acordo com os seus merecimentos. A inerente retidão de Deus é naturalmente básica para a retidão que Ele revela no trato de Suas criaturas, mas é especialmente esta última, também denominada justiça de Deus, que requer especial consideração aqui. Os termos hebraicos para “justo” e “justiça” são tsaddik,tsedhek e tsedhakah, e os termos gregos correspondentes são dikaios e dikaiosyne, todos os quais contêm a idéia de conformidade a um padrão. Esta perfeição é repetidamente atribuída a Deus na Escritura, Ed 9.15; Ne 9.8; Sl 119.137; 145.17; Jr 12.1; Lm 1.18, Dn 9.14; Jo 17.25; 2 Tm 4.8; 1 Jo 2.29; 3.7; Ap 16.5.
b. Distinções aplicadas à justiça de Deus. Há em primeiro lugar uma justiça rectoral de Deus. Esta justiça, como está implícito no nome, é a retidão que Deus manifesta como o Governador que exerce domínio tanto sobre o bem como sobre o mal. Em virtude de Sua justiça rectoral, Deus instituiu um governo moral no mundo, e impôs ao homem uma lei justa, com promessas de recompensa ao obediente e ameaças de punição ao transgressor. No Velho Testamento Deus sobressai proeminentemente como o Legislador de Israel, Is 33.11, e do povo em geral, Tg 4.12, e Suas leis são justas, Dt 4.8. A Bíblia refere-se a esta obra rectoral de Deus também em Sl 99.4 e Rm 1.32.
Estreitamente relacionada com a justiça rectoral de Deus está a Sua justiça distributiva. Este termo habitualmente serve para designar a retidão de Deus na execução da lei, e se relaciona com a distribuição de recompensas e punições, Is 3.10, 11; Rm 2.6; 1 Pe 1.17. É de duas classes: (1) Justiça remunerativa, que se manifesta na distribuição de recompensas a homens e anjos, Dt 7.9, 12, 13; 2 Cr 6.16; Sl 58.11; Mq 7.20; Mt 25.21, 34; Rm 2.7; Hb 11.26. É realmente uma expressão do amor divino distribuindo a Sua generosidade, não com base em méritos propriamente ditos, pois a criatura não pode dar prova de nenhum mérito absoluto diante do Criador, mas segundo promessa e acordo, Lc 17.10; 1 Co 4.7. As recompensas de Deus são fruto da sua graça e decorrem de uma relação pactual estabelecida por ele. (2) Justiça retributiva, que se relaciona com a imposição de castigos. É uma expressão da ira divina. Enquanto que num mundo isento de pecado não haveria lugar para a sua aplicação, necessariamente tem proeminente lugar num mundo cheio de pecado. A Bíblia em geral dá mais ênfase à recompensa dos justos que à punição dos ímpios; mas mesmo esta é bastante proeminente, Rm 1.32; 12.19; 2 Ts 1.8, e muitas outras passagens. Deve-se notar que, ao passo que o homem não merece a recompensa que recebe, merece a punição que lhe é dada. A justiça divina está originária e necessariamente obrigada a punir o mal, não porém a recompensar o bem, Lc 17.10; 1 Co 4.7; Jo 41.11. Muitos negam a estrita justiça punitiva de Deus e alegam que Deus pune o pecador para reforma-lo, ou para dissuadir outros de pecar; mas estas posições não são sustentáveis. O propósito primordial da punição do pecado é a manutenção do direito e da justiça. É certo que ela pode, incidentalmente, servir para reformar o pecador e impedir que outros pequem, e, secundariamente, isso pode estar incluído em seus propósitos. 

Fonte: Louis Berkhof, Teologia Sistemática, Editora Cultura Cristã.

terça-feira, agosto 26, 2014

O Pecado Está no Âmago da Alma Humana

O Pecado Está no Âmago da Alma Humana
John MacArthur



O pecado penetra no mais íntimo do nosso ser, o pecado está no âmago da alma humana. "Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem" (Mt 15.19, 20). "O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, eo mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração" (Lc 6.45).

No entanto, o pecado não é uma fraqueza ou um vício pelo qual não somos responsáveis. É um antagonismo ativo e intencional contra Deus. Os pecadores livre e prazerosamente optam pelo pecado. Está na natureza humana amar o pecado e odiar a Deus. "O pendor da carne é inimizade contra Deus" (Rm 8.7).

Em outras palavras, o pecado é rebeldia contra Deus. Os pecadores raciocinam no próprio coração: "Com a língua prevaleceremos, os lábios são nossos; quem é o Senhor sobre nós?" (SI 12.4, ênfase acrescentada). Isaías 57.4 caracteriza os pecadores como crianças rebeldes que abrem sua enorme boca e mostram a língua para Deus. O pecado destronaria Deus, o destruiria e colocaria o ego no seu lugar de direito. Todo pecado é, em último caso, um ato de orgulho, que diz: "Dê o lugar, Deus, eu estou no comando". Por isso é que todo pecado, no seu âmago, é uma blasfêmia.

Para começar, amamos nosso pecado; temos prazer nele, buscamos oportunidades para praticá-lo. No entanto, por sabermos instintivamente que somos culpados diante de Deus, inevitavelmente tentamos camuflar ou negar nossa própria pecaminosidade. Há muitas maneiras de fazer isso, como observamos nos capítulos anteriores. Elas podem ser resumidas, grosso modo, a três categorias: encobri-lo, justificar-nos e ignorá-lo.

Primeiro, tentamos encobrir o pecado: Adão e Eva fizeram isso no Jardim, depois de ter pecado: "Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si" (Gn 3.7) — então se esconderam da presença do Senhor (v. 8). O rei Davi tentou em vão encobrir sua culpa quando pecou contra Urias. Ele tinha adulterado com a esposa de Urias, Bate-Seba. Quando ela ficou grávida, primeiro Davi tramou um plano tentando fazer parecer que Urias era o pai da criança (2Sm 11.5-13). Quando o plano não funcionou, ele conspirou para que Urias fosse morto (vs. 14-17). Isso somente agravou o seu pecado. Durante todos os meses da gravidez de Bate-Seba, Davi continuou encobrindo o seu pecado (2Sm 11.27). Mais tarde, quando Davi foi confrontado com seu pecado, ele se arrependeu e confessou: "Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio" (SI 32.3, 4).

Segundo, tentamos nos justificar. O pecado é sempre culpa de alguém. Adão culpou Eva, e a descreveu como "a mulher que me deste" (Gn 3.12; ênfase acrescentada). Isso mostra que ele também culpava a Deus. Ele não sabia o que era uma mulher até acordar casado com uma! Deus, raciocinou ele, era o responsável pela mulher que o vitimizou. Da mesma maneira, nós nos desculpamos pelos nossos erros porque pensamos que a culpa é de outra pessoa. Ou argumentamos ter um bom motivo. Convencemos a nós mesmos que é correto retribuir o mal com o mal. (cf. Pv 24.29; lTs 5.15; IPe 3.9). Ou então pensamos que se os motivos finais são bons, o mal pode ser justificado — raciocínio errado de que os fins justificam os meios (Rm 3.8). Chamamos o pecado de desequilíbrio, rotulamos a nós mesmos de vítimas ou negamos que os nossos atos sejam pecaminosos. A mente humana é de uma criatividade sem-fim quando se trata de encontrar mecanismos para justificar o mal.

Terceiro, ignoramos nosso próprio pecado. Sempre pecamos por ignorância ou presunção. Por isso Davi orou: "Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas. Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão". (SI 19.12, 13). Jesus nos advertiu sobre a loucura de tolerar uma trave nos nossos olhos e nos preocuparmos com um argueiro no olho do outro (Mt 7.3). Pelo fato de o pecado ser tão difuso, nós naturalmente tendemos a nos tornar insensíveis ao nosso próprio pecado, do mesmo modo que o gambá não é incomodado pelo seu próprio mau cheiro. Até mesmo uma consciência supersensível pode não saber todas as coisas (cf. ICo 4.4).

O pecado não se expressa necessariamente por atos. Atitudes pecaminosas, disposições pecaminosas, desejos pecaminosos e um estado pecaminoso de coração são tão repreensíveis quanto as ações que ele produz. Jesus disse que a ira é tão pecaminosa quanto o homicídio, e a concupiscência tanto quanto o adultério (Mt 5.21-28).

O pecado é de tal maneira enganoso que torna o pecador insensível contra sua própria perversidade (Hb 13.3). E natural desejarmos minimizar nosso pecado, como se ele não fosse de fato uma grande coisa. Afinal de contas, dizemos a nós mesmos, Deus é misericordioso e amoroso, não é? Ele compreende nosso pecado e não pode ser tão duro conosco, não é mesmo? Mas raciocinar dessa maneira é deixar-se ludibriar pela astúcia do pecado.

O pecado, de acordo com as Escrituras, é "a transgressão da lei" (1 Jo 3.4). Em outras palavras, "aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei". Pecado, portanto, é qualquer falta de conformidade com o perfeito padrão moral de Deus. A exigência central da lei de Deus é que o amemos: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento" (Lc 10.27). Sendo assim, a falta de amor a Deus é a epítome de todo pecado.

Mas "o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar" (Rm 8.7). Nossa aversão natural à lei é tal que mesmo sabendo o que a lei requer, ela suscita em nós uma ânsia pela desobediência. Paulo escreveu: "as paixões pecaminosas postas em realce pela lei... eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás" (Rm 7.5-7). A inclinação do pecador pelo pecado é tal que este o controla. Ele é escravo do pecado, porém o busca com uma fome insaciável e com toda paixão do seu coração.

Fonte: Blog Liga Calvinista

segunda-feira, agosto 25, 2014

O Ensino sob a Perspectiva Cristã

O Ensino sob a Perspectiva Cristã
Joel Beeke


Neste capítulo, gostaríamos de examinar três questões principais:
1)     Como CONCEITUAR a criança?
2)     Como ENSINAR a criança?
3)     Como DISCIPLINAR a criança?
Ao examinarmos o primeiro tema, como conceituar a criança, precisamos focalizar quatro princípios bíblicos básicos. Precisamos considerar nossas crianças como:
1)     Especialmente criadas e estimadas por Deus
2)     Especialmente formadas à imagem de Deus
3)     Pecadoras caídas (pelos méritos do homem)
4)     Pecadoras regeneráveis (pelos méritos de Cristo)
Primeiro, considerando nossas crianças como especialmente criadas e estimadas por Deus.  
Em Gênesis 1 e 2 a especialidade da criação do homem está indicada em diversas maneiras. Somente no caso do homem nós lemos que:
1)                A criação do homem procede de um conselho especial do Deus Triúno.
Antes de criar o homem, Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo tomaram juntos conselho especial. “Também disse Deus: façamos o homem” (Gn. 1: 26a).
2)                A criação do homem se realizou através de um ato especial e pessoal de Deus.
Na criação das plantas nós lemos: “E disse Deus, produza a terra erva” (Gn. 1:11a). Na criação do homem, entretanto, a Escritura usa a linguagem mais pessoal, direta e imediata possível: “Também disse Deus: façamos o homem” (Gn. 1:26a).
3)                O ser humano foi criado à imagem de Deus
4)                O ser humano foi criado com uma alma (único)
5)                O ser humano foi estabelecido para dominar a criação terrena
Ao ensinar e interagir com a criança, reconhecemos a importância e a grande responsabilidade de estarmos lidando com criaturas especiais de Deus?
Quando estudamos a importância e a especialidade de cada criança biblicamente, devemos nos concentrar também sobre o tema complementar da humildade. A fim de que não nos tornemos orgulhosos de nossa criação e posição especiais, para cultivar humildade, Deus nos formou do pó da terra. Portanto, encontramos na nossa criação tanto o mais, quanto o menos elevado dos elementos. Não podemos imaginar nada mais sublime do que ser formado pelo sopro do próprio Deus. Entretanto, também não podemos pensar em uma substância menos digna do que o pó da terra para se formar algo.
Somos proibidos a exaltar as virtudes e os feitos humanos como se pertencessem a nós – como se fossem de origem humana. O espírito soberbo de Nabucodonosor, “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei?” (Dn. 4: 30a), deve ser evitado em nossas classes. O erro oposto, entretanto, também deve ser evitado. Nunca devemos desprezar os talentos dados por Deus. Devemos reconhecer e valorizar as habilidades individuais de nossos alunos. Cada dom pessoal é dado por Deus. Podemos promover erroneamente, por comissão ou omissão em nosso ensino, o enterro dos talentos preciosos de nossos alunos. Estamos enfatizando, encorajando e reconhecendo o desenvolvimento das habilidades de nossos estudantes como dons dados por Deus? Aqueles com um, dois ou cinco talentos são encorajados a duplicá-los? Estamos enfatizando que a razão suprema das habilidades dadas por Deus é dedicá-las ao seu doador, usá-las para a honra de Deus e o benefício do próximo?
Imagine uma professora da 2ª série voltando de um passeio escolar ao Correio local, no qual muitos alunos não se comportaram bem. Na sua frustração com um grupo que desconsiderou o funcionário do Correio encarregado pela visita, não o ouvindo educadamente, ela pune a classe inteira. Acusa-os de serem barulhentos, rudes e sem consideração; sarcasticamente os compara a uma manada de elefantes.
Esta atmosfera de degradação pública da classe está sustentada pela visão bíblica da singularidade e valor de cada ser humano? O ensino dos ideais e das perspectivas bíblicas na aula de Educação Religiosa é importante, mas quando estas crianças retornaram do seu passeio, elas lidaram com a realidade prática. Como nos aproximamos e interagimos com nossos semelhantes?
O homem é conclamado a amar e servir a Deus acima de todas as coisas, mas esta relação vertical não é tudo. Ela deve ser balanceada, no ensino e na prática, com apropriadas relações horizontais.
Embora não estejamos promovendo abertamente o humanismo secular em nenhuma de nossas escolas cristãs, ainda precisamos vigiar contra suas invasões mais sutis. Muitos de nós, como professores, fomos ensinados em universidades públicas que esposam esta religião humanista secular. Quando aconselhando um aluno, por exemplo, podemos achar muito natural abordar o assunto da seguinte maneira: - Bem, o que você acha? Como você se sente sobre isto? Isto é importante para você? Quais são suas reações quanto a isto? O que você acha melhor?
Ao considerarmos a questão, como conceituar a criança, um segundo tema bíblico importante a considerar é sua criação à imagem de Deus.
Vamos continuar a questão, compreendendo nossas crianças como:
1)                Pecadoras caídas (através dos méritos do homem)
2)                Pecadoras regeneráveis (através dos méritos de Cristo)
Ao vistoriar muitas igrejas e escolas cristãs em nosso país, podemos observar uma sub-enfatização da triste realidade de nossa profunda queda em Adão. A depravação total é frequentemente negada, desprezada ou ignorada. Em conseqüência desta distorção da doutrina bíblica está o erro prático de não enxergarmos nossos alunos como pecadores caídos. É que nossos alunos são pecadores regeneráveis através dos méritos de Cristo - não regenerados, mas regeneráveis.
Como um pastor é chamado a traçar uma linha de distinção dentre a sua congregação, distinguindo as marcas bíblicas dos convertidos e não convertidos, assim um professor deve fazer em sua classe.
No seu ensino, a incapacidade humana está balanceada com a capacidade de Deus? A força do pecado com o poder de Deus? Desesperança em si mesmo com esperança em Deus? A livre, soberana e conquistadora graça de Deus é proclamada em seu ensino? Você está ensinando seus alunos que eles são pecadores por causa de seus próprios méritos, mas regeneráveis por causa dos méritos de Cristo? Louvado seja Deus, pois sua graça transcende nosso pecado.

Como ensinar a criança?

Vamos observar Jesus Cristo, o exemplo para todos os professores de escolas cristãs. Ele é o ideal, o padrão, o ponto central sobre o qual devemos colocar nossa atenção. Vamos fazer isto sob as três categorias a seguir:
1)                 Nossa abordagem e metodologia de ensino, ou o falar de Cristo
2)                 Nosso exemplo, ou o andar de Cristo
3)                 Nossa personalidade e experiência, ou o amar de Cristo
Em primeiro lugar, vamos nos concentrar na abordagem e metodologia de ensino, ou o falar de Cristo. Do ministério e do ensino do Senhor Jesus Cristo, podemos aprender muito sobre abordagem e metodologia. Em sua instrução Ele empregou os oito métodos de ensino relacionados abaixo:
1)                 Questionamento
2)                 Preleção
3)                 Contar história
4)                 Debate
5)                 Exemplo
6)                 Relato
7)                 Concreto ao abstrato
8)                Individualização

1)                 Ele utilizou o método de questionamento. Os evangelhos contêm mais de cem perguntas feitas por Jesus Cristo durante seu ministério de ensino na Terra. Isto deve nos dizer algo como professores. Ainda como menino, ele perguntava aos escribas que ensinavam no templo. Imagine o interesse gerado por perguntas como, “É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la?”; “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?”; “De onde era o batismo de João, do céu ou dos homens?” Você percebe o interesse que Ele despertou em seus alunos através destas perguntas que provocam reflexão e interesse? Imagine o interesse que você pode produzir na sua sala, ao começar a lição com perguntas como: O que o seu batismo significa para você hoje? Milhares de exemplos são possíveis. Milhares de perguntas que despertam interesse. Mas note que Jesus não perguntava simplesmente por perguntar. Suas perguntas eram propositais e práticas. Teste-se nesta técnica. Deixe que seu diretor lhe ajude. Peça-lhe antes que visite a sua classe, para observar: - Você poderia prestar atenção na maneira como estou usando perguntas? Usarei várias perguntas nesta lição. Você poderia verificar quão direcionadas elas são? Quão claras são suas seqüências?
2)                 Encontro Jesus ensinando através do método de preleção ou apresentação oral. Considere o modo amoroso que ele ensinou em todo lugar – fora, dentro, nas cidades, no interior, nas montanhas, nos lagos, nas sinagogas, nas casas. Em resumo, onde tinha oportunidade. Estude o lindo Sermão do Monte para obter um exemplo maravilhoso de um ensino bem organizado e poderoso. Note mais uma vez que Ele não está discursando por discursar. Seu ensino é autocentrado ou focalizado no aluno? Seus alunos serão capazes de lhe dizer.
3)                 ... (Não traduzido por extravio desta porção no original - NT)
4)                 O Senhor Jesus usou o debate como um método de ensino. Lembre dos instrutivos debates com Nicodemos, a mulher samaritana, o jovem rico e os apóstolos em inúmeras ocasiões. Através do debate, Cristo direcionou seus alunos ao entendimento mais profundo de várias verdades. O debate encoraja nossos alunos a pensar, a expressar seus pensamentos e a se envolver ativamente no processo de aprendizagem. Observe, entretanto, que não se trata de debater por debater. O debate do grande mestre não era como o dos atenienses, que se ajuntavam somente para ouvir e falar sobre as últimas novidades. Debates significativos precisam ser direcionados.
Há um outro benefício proveniente do método de debate que é importante. Quantos de nossos alunos, na igreja ou na escola, sentem um distanciamento entre eles e seus líderes? O emprego do método do debate provê uma rica oportunidade para aproximar, proporcionar uma troca de pensamentos mais informal, significativa e pessoal, com os estudantes que estão sob os nossos cuidados. Se os jovens vêm a conhecer seus líderes espirituais como pessoas, como sendo humanos, isto produzirá um vínculo mais íntimo.
5)       Jesus Cristo, como o Mestre dos mestres, também empregou o método “aprendendo através do exemplo”. Eu creio que nenhum dos apóstolos jamais esqueceu a verdade ensinada quando Jesus pegou uma toalha e lavou seus pés um por um. Não acredito que os homens que estavam com Davi na caverna, esqueceram o que aconteceu quando aquele que estava perseguindo injustamente sua vida, descansou à entrada da caverna. Quando encorajaram Davi a matar Saul para se livrar deste inimigo e conquistar o reino, ele cortou um pedaço do manto de Saul. Entretanto, quando voltou para seus homens seu coração agitou-se por haver feito isso.
6)       O Senhor Jesus empregou o método do relato quando enviou os setenta para pregar. Quando retornaram, Ele pediu-lhes que relatassem sobre como havia sido e o que haviam experimentado. Só podemos imaginar a troca de ensino que aconteceu. Mas note outra vez aqui, uma lição de ensino prática e importante. Esta foi uma experiência conduzida. Jesus lhes disse o que levar, o que fazer, aonde ir e como agir. Ele lhes deu um projeto claro, um ensino completo e boas instruções antes de enviá-los. Você está guiando seus alunos passo-a-passo através da sua instrução precisa?
7)       Cristo usou o método do concreto ao abstrato. Ele frequentemente usou objetos físicos em seu ensino. Pense na lição que ensinou usando a figueira. Ao ensinar sobre nosso relacionamento com o governo civil, mostrou uma moeda de César. Ao tratar da humildade cristã, tomou uma criança e a colocou no meio para que todos a vissem.
8)       Cristo utilizou também, o método de instrução individualizada. Você alguma vez examinou o ensino de Jesus para observar quão individualistas e precisas eram suas palavras, ações e abordagens para os indivíduos a quem instruía? A um cego curou instantaneamente, somente através da palavra; a um outro, curou por etapas (quando este homem viu homens como árvores que andavam); e a um terceiro usou argila para que a pessoa pudesse sentir os meios que estava usando. Você já notou alguma vez o cuidado carinhoso e a alta estima por indivíduos em particular demonstrados pelo Senhor Jesus durante sua peregrinação?Ao andar entre numerosa multidão, com toda a comoção e excitação que ela produz, ele poderia parar por ouvir uma voz, ver uma pessoa ou sentir o toque de um indivíduo necessitado.
Imagine o pátio de uma escola primária pela manhã, antes do início das aulas, com todo o tumulto da entrada das crianças. Uma professora primária, ocupada com uma porção de material para reproduzir, ouve a voz de uma criancinha. Ela pára e se inclina para ouvir uma aluna da 2ª série dizer: - Professora, a senhora sabe o que aconteceu ontem à noite? Ali, no meio da multidão e confusão, uma criança está animada e agitada. Um interesse cuidadoso e generoso é comunicado para aquela pessoa por sua professora.
Apesar de não sermos divinos, somos chamados a seguir seus passos. Que bênção poder ver, pela graça de Deus, doenças aparentemente incuráveis como a insegurança, solidão e falta de auto-estima, curadas através de toques miraculosos de cuidado e atenção. Tais ações transmitem os sentimentos interiores de um coração amoroso.
O Senhor Jesus Cristo, como o perfeito Mestre, Mestre dos mestres, empregou estes oito métodos de ensino. Ele os empregou de forma intercambiável à medida que a situação requeria. Que Deus permita que também nós nos esforcemos como professores, a seguir o exemplo do ensino de Cristo, tanto na abordagem quanto na metodologia.
Em segundo lugar, vamos considerar como ensinar a criança/ o aluno pelo exemplo, pelo modelo – o andar de Cristo.  
Como mencionado anteriormente, o modo como ensinamos a criança provém do modo como a conceituamos.
Você crê que as crianças as quais você ensina são especialmente criadas por Deus e de valor eterno? O modo como você as vê será refletido no modo como você as trata. Se eu a visse segurando um vaso, por exemplo, poderia observar por suas ações, o quanto você valoriza aquele objeto. Se você mexe nele de maneira rotineira e, algumas vezes, descuidada, isto reflete que sua consideração pelo vaso não é nada especial. No entanto, seu trato com respeito e zelo, revelaria sua alta estima e apreço por ele.
Você está modelando, mostrando pelo exemplo, que todo ser humano é uma criação especial de Deus e de eterno valor, que muito excede o valor de qualquer vaso? Se alguém sentar no fundo da sua classe para observar seu ensino, ele perceberia que você considera seus alunos como quem tem valor eterno? Estas questões são de importância crucial; elas tratam da realidade prática – o colocar as doutrinas na prática diária.
Quando professamos que as crianças são pecadoras caídas, esta confissão é verdadeira na nossa realidade diária? Se alguém ficasse na sala dos professores, despercebidamente, ouviria repetidamente observações semelhantes às seguintes: - Não posso entender por que ele faz isso!! Vocês sabem o que ele disse depois? O que será que deu neles?! Eu não acredito nisso! Por que estão sempre me testando? Por que não se comportam? Na realidade, estas perguntas revelam que não cremos verdadeiramente, na nossa confissão a respeito de nossas crianças serem pecadoras caídas e depravadas. Conhecemos algo sobre nosso próprio coração sobre este aspecto e portanto, não é tão difícil entender os pecados dos outros. Quanto mais próximo vivemos do Senhor, mais vividamente nos conscientizamos da nossa natureza pecaminosa e menos críticos seremos para com outros. Isto não significa que você não deva censurar o erro e nem punir os culpados na sua classe; você deve fazer isto. Entretanto, há uma diferença significativa em fazê-lo com um espírito que reconhece a pecaminosidade que há em todos nós e com a qual devemos lidar ou com uma atitude de surpresa, aversão e um “não posso entender estes terríveis alunos”.
Nós cremos e ensinamos muitas verdades morais cristãs, não é? Você tem sido modelo destas verdades? Seu exemplo revela sinceridade ou insinceridade hipócrita? Atente para estes exemplos da vida diária:
1)                    Se você ensina sobre a importância da clareza e faz com que os alunos reescrevam redações malfeitas, mas eles não conseguem ler o que você anotou no caderno deles ou no quadro negro, o que você está ensinando de fato?
2)                    Se você exige que seus alunos mantenham suas carteiras arrumadas e os proíbe de ir ao recreio se elas não estiverem, enquanto sua mesa e gavetas estão longe disto, o que você está ensinando de fato?
3)                    Se você exige que seus alunos usem o dicionário para pronunciar corretamente as palavras, mas você não o faz, o que você está ensinando de fato?
4)                    Se você enfatiza para os alunos a necessidade de planejamento e organização, embora seu plano de aulas não esteja completo para o dia seguinte, o que você está ensinando de fato?
Os valores que vivenciamos falam mais alto do que os valores sobre os quais falamos.
Existem “valas” opostas que devemos evitar para permanecer no caminho apropriado visando dar exemplo. Um exemplo é pensarmos que podemos ser o ideal perfeito; o outro é não se esforçar para seguir este ideal. O primeiro leva ao desespero. O segundo leva à preguiça. Não há esforço para o aprimoramento, só desculpas. Jesus Cristo é o ideal, o Mestre maior, o exemplo perfeito.
Jesus Cristo, o Mestre maior, é novamente aqui nosso mentor perfeito. Seu falar e viver foram unidos consistente e graciosamente.
No Evangelho de Mateus lemos “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome e me deste de comer; tive sede e me deste de beber; era forasteiro e me hospedaste; estava nu e me vestiste; enfermo, e me visitaste; preso e foste ver-me” (Mt. 25: 34b-36). Quando chegamos às nossas escolas como administradores, professores ou auxiliares, nós estamos “indo fazendo o bem”? Estamos alimentando os famintos – os que têm fome de atenção? Estamos acolhendo os estrangeiros – os que frequentemente se sentem excluídos? Estamos provendo cuidado especial aos fracos, feridos e necessitados – os que sofrem acadêmica, emocional e socialmente? Estamos nos esforçando para vestir o que está nu – aqueles deixados descobertos pela brincadeira de mau gosto e escárnio? Estamos visitando os que estão em prisões – aqueles trancados em prisões internas de temores e dúvidas? Creio que quanto mais seguimos as pegadas do Mestre neste aspecto, mais poderemos observar uma atmosfera de cuidado e zelo para com outros nas nossas escolas cristãs, à semelhança de Cristo.
Somos verdadeiramente pessoas diferentes? Somos realmente diferentes de acordo com a Lei de Deus, a Lei que requer amor, amor a Deus e ao próximo? As pessoas que visitam nossas escolas podem sentir a diferença?
O mundo é egocêntrico e preocupado com seus próprios interesses. Somos teocêntricos e nos preocupamos com os interesses dos outros? Pode-se dizer das nossas escolas o que disseram da igreja no Novo Testamento: Vede como amam uns aos outros?
Você tem se esforçado para andar nas pisadas do Mestre? Você suplica em suas orações matinais, por graça que lhe habilite evidenciar amor e interesse verdadeiros em todos os encontros com funcionários e estudantes no seu dia? Você tem lutado para colocar estes ideais em prática? Teste-se ao anoitecer. Pergunte a si mesmo: - A quantos alunos carentes eu, particularmente, estendi a mão hoje?
Vamos focalizar nossos pensamentos, rapidamente, sobre as seguintes perguntas:
1)                 Vocês têm ensinado com uma sincera consciência da presença de Deus?
2)                 Vocês têm ensinado com uma sincera consciência de estar sendo empregado no serviço de Deus?
3)                 Vocês têm ensinado com uma sincera consciência da dependência de Deus?
Primeiramente, é necessária uma sincera consciência da presença de Deus. Toda verdade é verdade de Deus.
Para ensinar uma consciência da presença de Deus, primeiro você deve estar ciente dela. Entretanto, se já tem ciência dela, então como ensiná-la? Deve haver profunda reverência e respeito pela fidelidade de Deus em sustentar fielmente Seu mundo. Devemos entender que estamos lidando com o mundo de Deus.
Na revelação natural (mundo de Deus) cada impressão revela seu artista divino; na revelação especial (Palavra de Deus) cada impressão revela seu divino Autor.
Seus alunos estão plenamente conscientes disto?
Em segundo lugar, vamos considerar ensinar com uma sincera consciência de estar servindo a Deus.
Você vê a si mesmo como responsável perante Deus, ou somente por si? Ao ensinar, minha responsabilidade se multiplica. Ao ensinar, eu toco na vida de outros.
Podemos nos testar perguntando: buscamos agradar a Deus ou só a nós mesmos? Servimos a outros ou só a nós? Como vemos nosso chamado como professores de escolas cristãs? Nossos tementes antepassados puritanos mantiveram com firmeza, o princípio de que tudo na vida é sagrado, tudo na vida é religioso. Todas as nossas ações são religiosas porque são realizadas na presença de Deus.
Vamos examinar alguns exemplos de um dia escolar, à luz desta realidade:
1)                   Se você chega à escola pela manhã, mais tarde do que o horário normal, você se preocupa principalmente se os outros notaram, ou com Deus? Você essencialmente busca agradar aos homens ou a Deus?
2)                   Se você esqueceu sua tarefa de supervisionar o recreio, você fica mais preocupado em se o diretor vai descobrir, ou você serve a um Patrão superior?
3)                   Se você vê papéis jogados no corredor, você pára para apanhá-los ou não pára porque eles não são seus? Você é alguém que serve a outros, ou só a si mesmo?
Quando João Batista perguntou a Jesus se Ele era ou não o Messias prometido, Jesus lhe respondeu: “Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho” (Mt. 11: 4-5). A realidade do Cristo, a sua presença, foi confirmada por estes frutos. Estes eventos são vistos na sua escola cristã, na sua classe? Aqueles que são cegos com relação a sua condição e ao propósito de suas vidas estão começando a ver? Os que não escutam os sons gloriosos do Evangelho estão começando a ouvir? O paralítico espiritual está começando a andar? Os leprosos espirituais estão sendo purificados, os mortos espirituais são ressuscitados, o rico Evangelho da graça é pregado para o pobre espiritual? Isto está acontecendo na sua escola? Na sua classe?
Isto nunca é possível por nossa própria força; mas isto é possível através dos méritos e do poder de Cristo. Como Jacó, vocês estão lutando por uma bênção, dizendo: eu não Te deixarei até que Tu abençoes a mim e aos meus alunos? Nossas impossibilidades, a Tua possibilidade; nosso vazio, a Tua plenitude; nossa pobreza, a Tua riqueza. Vocês têm servido como professores, ou como professores cristãos?
Já consideramos as questões de “como devo avaliar a criança” e “como devo ensinar a criança” e examinaremos agora a terceira e final dessas questões principais, “como devo disciplinar a criança/aluno”.
Vamos focalizar nossa atenção sobre estes três temas principais, que dizem respeito à disciplina:
1)                 A base bíblica da disciplina
2)                 Os componentes bíblicos da disciplina
3)                 A prática bíblica da disciplina
A palavra disciplina encontra sua origem e raiz na palavra discípulo. Um discípulo é alguém que segue seu mestre. Ser um discípulo significa mais do que simplesmente ser um aluno; mais do que alguém que é ensinado.
Como os pais e professores devem disciplinar seus filhos ou alunos? Eles devem discipulá-los, treiná-los a seguir e a abraçar o caminho que lhes é ensinado. Isto, é claro, suscita a questão pertinente sobre quem ensina e quais são os ensinamentos.
É importante para os jovens entenderem que seus pais e professores são responsáveis diante de Deus sobre como usam a autoridade que lhes foi concedida para governarem suas casas ou salas de aula. Eles não podem governar como querem; eles são chamados para governarem como Deus quer.
Examinemos os componentes bíblicos da disciplina.
Existem dois componentes inerentes à disciplina bíblica, ou seja:
1)                      Disciplina preventiva
2)                      Disciplina corretiva
Primeiro, vamos examinar a disciplina preventiva ou instrução bíblica. Por exemplo, uma coisa é punir severamente um aluno da 3ª série por copiar as respostas de um colega e outra é instruí-lo sobre o porquê copiar respostas de outra pessoa é ao mesmo tempo, mentir e roubar, e como isto é pecado à vista de Deus. A “cola” rouba aquilo que não é meu e quando aquele que colou coloca seu próprio nome na prova, está mentindo, pois as respostas no papel não são suas.
Uma coisa é punir uma garota da 1ª série do ensino médio por usar algo indecente. Outra coisa é instruir os jovens que a personalidade, beleza e a atração humana é mais do que superficial. Atrair alguém fisicamente é atrair para o corpo, não para a pessoa. A sensualidade difere profundamente do amor. A Palavra de Deus fala de um amor muito mais elevado, nobre e autêntico do que a atração física superficial, vazia, do mundo.
Estes são três exemplos práticos. A instrução bíblica prática é um meio que Deus pode abençoar para reduzir o pecado. É disciplina preventiva. A instrução deveria preceder, acompanhar e seguir a punição.
Uma disciplina preventiva efetiva pode ser um meio para reduzir vários tipos de ofensas rotineiras.
Pense por um momento, em duas salas da 1ª série. Numa delas, a professora pergunta para a sua turma: quanto é 9 + 5? Doze alunos respondem, alguns bem alto (para serem ouvidos primeiro): 14! A professora responde de maneira bastante exasperada: quantas vezes já disse para não responderem todos juntos?! Vão perder 10 minutos do recreio! Na outra sala, o professor diz: levantem as mãos os alunos que sabem quanto é 9 + 5. Doze alunos levantam as mãos, um é chamado para responder e a aula continua calmamente.
A disciplina preventiva não deveria somente ensinar as expectativas da Lei de Deus, mas também transmitir o espírito da Lei. Deve transmitir amor e compreensão para nossos alunos.
Procedimentos preventivos transmitem uma importante mensagem aos nossos alunos, especialmente aos de maior idade. Quando eles percebem que desejamos evitar que eles recebam punições ao invés de estarmos ansiosos por puni-los, um fundamento importante foi estabelecido.
A disciplina preventiva requer expectativas e rotinas consistentes.
A disciplina corretiva deve ser motivada pela mesma fonte da disciplina preventiva, que é o amor.
Disciplinar um aluno firmemente, quando se está emocionalmente alterado, é arriscado. Vocês são humanos. Depois de trabalhar até tarde na noite anterior e planejar tudo detalhadamente para que a aula do dia seguinte ocorra calmamente, é muito frustrante presenciar um comportamento desordeiro, especialmente se for freqüente. É difícil não perceber estas ações como motivadas pessoalmente contra você, como se tivessem feito propositalmente para atrapalhar sua aula. Na verdade, a opinião dos outros alunos provavelmente significa muito mais para eles, do que as suas. Mande o aluno se retirar da sala para que você possa conversar com ele mais tarde. Isto traz duas vantagens: vocês dois podem se entender antes de tomar uma resolução e, você terá tempo para organizar seus pensamentos e tomar uma decisão cuidadosa, ao invés de aleatória.
Ao administrar disciplina corretiva, pergunte a si mesmo:
1)                      Estou motivado por preocupação amorosa (não por razões pessoais)?
2)                      Estou visando a consciência (não o castigo)?
3)                      Estou fazendo conscientemente (não por impulso)?
4)                      Estou buscando correção (não retaliação)?
A punição não bíblica se concentra nos erros que foram cometidos no passado. A disciplina bíblica visa o futuro, busca a correção do mau comportamento. Enfatiza o aperfeiçoamento e a correção.
Vamos examinar cinco princípios bíblicos (orientações práticas) com relação ao exercício da disciplina estudantil.
1)                   Discipline com amor e zelo. Uma coisa é amá-los, outra coisa é transmitir nosso amor. Eles devem sentir nosso amor pela maneira com que falamos com eles e sobre eles. Nunca devemos degradar ou insultar nossos alunos. Nunca devemos ridicularizá-los ou humilhá-los. Devemos demonstrar interesse sobre suas preocupações e apreciação por suas idéias.
Use todas as oportunidades. Use o tempo informal disponível. Chegue à escola cedo suficiente para dizer-lhes “oi” e mostrar-lhes interesse. Se você chega tarde e precisa correr para preparar tudo para aquele dia, perderá oportunidades preciosas de demonstrar interesse e cuidado. Você prefere que seus alunos estejam fora da escola até o começo da aula ou você valoriza este tempo informal? Como você vê as suas obrigações do meio-dia[1]?Você também procura oportunidades para se misturar e conversar com seus alunos?
2)                   Discipline com firmeza. “Não retires da criança a disciplina, pois se a fustigares com a vara, não morrerá” (Pv. 23:13).
O excesso de disciplina derrama combustível sobre as chamas da rebelião inata.
Excesso de sermão, advertência e gritos, tornam-se formadores de hábito. Fazendo isto, treinamos nossos filhos a não escutarem até que falemos pela terceira vez, ou os ameacemos, ou gritemos com eles.
Gritos freqüentes produzem esgotamento emocional e raiva no professor e apenas treina nossos alunos a não ouvir até que nossas vozes alcancem uma potência mais alta. Aqueles que vivem perto de uma cachoeira ou de um trilho de trem, nunca ouvem o barulho. Às vezes a raiva deve ser demonstrada como Jesus mostrou ao limpar o templo dos cambistas, mas isto deve ser a exceção, não a regra. A raiva freqüente, somente agrava a situação e perde todo poder efetivo.
3)                   Discipline pelo exemplo. Explique, modele, mas acima de tudo, seja aquilo que você deseja que seus filhos e alunos sejam.
4)                   Discipline através do controle. Controle não significa somente dizer, “não”. Devemos treiná-los a pedir nossa permissão. Dizer sempre “não”, os desencorajará a pedir e se abrir conosco e os encorajará a serem desonestos.
5)                   Discipline com consistência. Se não conseguimos nos controlar, como controlaremos outros? Controle próprio é essencial. Se um dia estamos de bom humor e tudo está bem e no outro dia estamos de mau humor e nada está bom, nossos alunos se tornarão confusos e desencorajados. Uma boa liderança é 10% inspiração e 90% transpiração.
Para conseguir consistência em casa, é necessário harmonia entre os pais; na escola é necessária a unidade entre os professores. “Se uma casa estiver dividida contra si mesma, tal casa não poderá subsistir” (Mc. 3: 25). O professor inconsistente sempre enfrentará problemas disciplinares.
Quando consideramos a enorme responsabilidade de ensinar e treinar nossas crianças, as quais Deus nos confiou, devemos exclamar: “quem é suficiente para estas coisas?” (2 Co. 2: 16). Lidamos com seres humanos, isto é, com almas destinadas à eternidade. Da nossa perspectiva, cada uma delas têm possibilidade de ser restaurada à imagem de Deus, pelo Espírito Santo, eternamente. Todas têm a possibilidade de serem regeneradas como filhos de Deus. Cada criança é muito preciosa. Cada uma tem um valor inestimável! Que responsabilidade tremenda!
Isto deveria nos conduzir ao Senhor em oração. Necessitamos diariamente a orientação e direção divina. Deus nos instrui a trazer nossas necessidades diárias até Ele.
Sejamos pois encorajados em Deus, em Sua Palavra e fidelidade. Num espírito de esperança diante do Senhor, vamos orar e trabalhar. Sem o Senhor nada podemos fazer, mas nEle e através dEle todas as coisas são possíveis.
Não sejamos desencorajados por não vermos frutos imediatos na vida de nossas crianças. Deus prometeu: “Lança o teu pão sobre as águas”. Mas Ele acrescentou: “porque depois de muitos dias, o acharás” (Ec. 11: 1). O modo e o tempo de Deus são mais elevados do que os nossos.

Traduzido por Tânia Gueiros.
Fonte: 
http://www.arpav.org.br/

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