sexta-feira, julho 31, 2015

E-Mail a Uma Dirigente de Louvor





E-MAIL A UMA DIRIGENTE DE LOUVOR
De: Augustus Nicodemus Lopes
Para: lenita@louvorceleste.br
Enviada em: 13/01/2015
Cc:
Assunto: RES: Perguntas sobre ministração do louvor
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Prezada Lenita,
Recebi seu email contendo várias perguntas sobre a "ministração" do louvor. Desculpe não ter respondido antes, foi falta de tempo mesmo.
Você me diz que é uma levita em sua igreja e que ministra o louvor durante os cultos. Sim, de fato é um privilégio poder participar do culto a Deus servindo na parte da condução dos cânticos. Eu teria um pouco de dificuldade em considerar você como levita (apesar de você ter um nome parecido, hehe), pois para mim os levitas faziam muito mais do que conduzir o louvor no templo: eles matavam e esfolavam animais, limpavam o sangue, a gordura, o excremento e os restos dos animais sacrificados e levavam uma parte para queimar fora. Além disto, arrumavam o templo, cuidavam da mobília e utensílios, etc. Se você quiser ser levita como aqueles de Israel, terá de se tornar a zeladora da igreja, rsrsrs!
Bom, vamos agora às suas perguntas. Coloquei as suas perguntas entre aspas, para facilitar:
1) "Até que ponto posso manifestar minhas emoções ao cantar pra Deus?" - Desde que sejam manifestações autênticas, sem problemas. O que incomoda muito é quando se percebe que o dirigente está fingindo, ou fazendo força para demonstrar o que não está sentindo. A maioria dos membros das igrejas não se emociona fortemente quando cultua. As emoções nem sempre estão presentes. Por isto, eles podem ficar meio desconfiados quando o dirigente do louvor, nem bem começou a primeira música, já está virando os olhos, chorando e embargando a voz. Mas, se as emoções forem legítimas, elas podem ser expressadas sem muita afetação.
2) "Levantar as mãos!! Posso? É errado?" - Não, não é errado, o problema é que às vezes parece uma forçação de barra, algo superficial e ensaiado, que não consegue convencer o povo de que é uma expressão sincera de adoração, Portanto, recomendo sabedoria e cuidado. É preciso deixar claro para o povo que não serão as mãos levantadas que tornarão o louvor mais espiritual ou mais aceitável diante de Deus. Não há qualquer relação direta na Bíblia entre posturas físicas e espiritualidade.
3) "Posso pedir para a igreja levantar as mãos em um dado momento da música, por exemplo?" - Veja a resposta que dei à pergunta anterior. Eu acrescentaria que pode ficar meio constrangedor pedir para a igreja levantar as mãos durante um cântico, pois tem gente que não estará sentindo nada e outros que não se sentem bem fazendo isto. A melhor coisa é deixar que seja espontâneo, que parta do povo mesmo. Gosto da regra, "não estimule; não proíba".
4) "Balançar de um lado pro outro, mesmo numa canção lenta é errado?" - Creio que não, desde que não vire dança ou rebolado sensual, provocando a imaginação dos rapazes, que lutam para se concentrar na letra e na música.
5) "Se me emocionar e chorar?" - Como eu disse, se for autêntico não haveria problemas, mas lhe confesso que é constrangedor ver dirigentes de louvor chorando como se aquilo fosse expressão máxima de espiritualidade ou comunhão com Deus. Quem não chora vai se sentir carnal, frio ou não convertido. Eu evitaria.
6) "Em relação à ministração entre uma música e outra, posso falar sobre a palavra, citar versículo e até explanar de uma forma muito rápida e objetiva?" - Poder, pode, mas se você não tiver uma boa base teológica vai acabar dizendo abobrinha, como eu ouço direto. Não é fácil falar em público e dizer coisas que realmente edifiquem. Sua função é ajudar o povo a adorar a Deus através da música. Estas "ministrações" entre músicas soam às vezes forçados, pois geralmente se tenta fazer uma ponte entre o tema da música e uma passagem da Bíblia, e isso fica forçado e artificial.
7) "Falar aleluia ou glória a Deus, claro que com reverência, sem gritar, por exemplo, é permitido?" - Não vejo problemas. Mais uma vez, todavia, é preciso ter certeza que são manifestações autênticas e não artificiais.
Lenita, o problema todo é esta superficialidade de alguns dirigentes de louvor que ficam se emocionando, chorando, revirando os olhos, gemendo lá na frente durante o louvor, e que uma vez encerrado este período, ficam do lado de fora da igreja batendo papo com os componentes da banda enquanto o culto continua acontecendo. Fica óbvio para todo mundo que era apenas fingimento.
Acho que os dirigentes de louvor seriam uma bênção maior se fizessem apenas isto mesmo, dirigir o louvor, ajudando o povo a entoar os louvores a Deus. Qual o propósito destas demonstrações de êxtase e enlevo fortemente emocionais à frente da Igreja? Ajuda em quê? Não quero generalizar, pois seria injusto, claro - mas às vezes fica a impressão que é apenas uma maneira de auto-promoção. Pense nisto.
No mais, que o Senhor continue a abençoar sua vida preciosa.
Um abraço!
Augustus
[Trata-se de um email fictício, embora baseado em fatos reais]

Fonte: Página do Autor no Facebook.

terça-feira, julho 28, 2015

O Que é Salvação Pela Fé Somente?



O QUE É SALVAÇÃO PELA FÉ SOMENTE?
- Augustus Nicodemus Lopes

Procurei resumir abaixo o que entendo ser o ensino bíblico acerca deste assunto, que é o mais importante e urgente para nossas vidas, e sobre o qual existe tanta confusão até mesmo entre os evangélicos.
1. Todas as pessoas são carentes de salvação, pois todas elas, sem qualquer exceção, são pecadoras. Isto significa que elas, em maior ou menor grau, quebraram a lei de Deus e se tornaram culpadas diante dele. Esta lei está gravada na consciência de todos, disposta nas coisas criadas e reveladas claramente nas Escrituras - a Bíblia. Ninguém consegue viver consistentemente nem com seu próprio conceito de moralidade, quanto mais diante dos padrões de Deus. Como Criador, Deus tem o direito de legislar e determinar o que é certo e errado e de julgar a cada um de acordo com isto.
2. Ninguém é bom o suficiente diante de Deus para obter sua própria salvação ou de fazer boas obras que o qualifiquem para tal. O pecado de tal maneira afetou a natureza do ser humano que sua vontade é inclinada ao mal, seu entendimento é obscurecido quanto às coisas de Deus e sua fé não consegue se firmar em Deus somente. Sem ajuda externa - a qual só pode vir do próprio Deus - pessoa alguma pode obter ou receber a salvação da condenação e do castigo que seus próprios pecados merecem.
3. Deus enviou Seu Filho Jesus Cristo ao mundo para morrer por pecadores, de forma que eles pudessem obter esta salvação a qual, de outra forma, seria inalcançável. Jesus Cristo, por determinação e desígnio de Deus, morreu na cruz como sacrifício completo, perfeito, único, suficiente e eficaz pelos pecados. Ele ressuscitou física e literalmente de entre os mortos ao terceiro dia, vencendo a morte e o inferno, e subiu aos céus. Assim, somente em Jesus Cristo as pessoas podem encontrar a salvação da culpa e condenação de seus pecados. E fora dele, não há qualquer possibilidade de salvação, diante dos pontos 1 e 2 expostos acima.
4. As pessoas tomam conhecimento da pessoa e da obra de Cristo mediante o Evangelho, o qual é pregado ao mundo todo. Sem o conhecimento do Evangelho, é impossível para as pessoas se salvarem. Cristo é a luz do mundo, o caminho, a verdade e a vida, e ninguém pode ir ao Pai senão por ele. Este Evangelho está claramente exposto na Bíblia, e é por ouvir a Palavra que vem a fé em Jesus Cristo. Com respeito àqueles que nunca ouviram falar de Cristo, o Deus justo haverá de tratá-los sem cometer injustiça e em conformidade com a luz que receberam, quer da sua própria consciência, quer da natureza. Todavia, não poderão alegar desconhecer a lei de Deus.
5. Mediante a fé em Jesus Cristo, como seu único e suficiente Salvador, as pessoas, quem quer que sejam, de qualquer país ou cultura, sem distinção alguma de raça, sexo, posição social ou educação, são perdoadas completamente de seus pecados, aceitas por Deus como filhos e recebem o Espírito de Deus como selo e penhor desta salvação, iniciando assim uma nova vida neste mundo. Nesta nova vida, elas demonstram arrependimento pelas obras más cometidas, humildade e constante penitência diante de Deus, aliadas a uma grande alegria e gratidão a Ele por tão grande e completa salvação. A certeza que eles têm aqui nesta vida de terem sido salvos da condenação eterna não decorre de seus méritos ou obras - os quais eles não possuem - mas da graça e do favor de Deus. Por isto falam desta salvação não em termos arrogantes, mas humildemente, como pessoas que foram misericordiosamente salvas do justo castigo que mereciam.
6. A fé salvadora não é uma força emocional mística. Antes, é a confiança que parte de um coração regenerado por Deus em todas as suas promessas, principalmente aquela de vida eterna na pessoa de Jesus Cristo, Seu Filho. Esta confiança envolve uma compreensão básica do que o Evangelho nos diz sobre Cristo e sua morte e ressurreição e um assentimento intelectual a estes fatos. Como nem esta compreensão e nem mesmo a fé têm origem na capacidade humana, afetada como está pelo pecado, segue-se que a salvação, tendo custado um alto preço que foi a morte de Cristo, é dada gratuitamente por Deus. Ela não depende de obras, mérito, esforço ou qualquer outra coisa que tenha origem no ser humano. É puramente pela graça, mediante a fé.

Resposta a Uma Cristã Vítima de Estupro



Recebi o seguinte questionamento a respeito de uma cristã que foi estuprada recentemente. Quando escrevi a resposta, achei que poderia compartilhá-la com outras pessoas que sofrem, sem é claro, mencionar os nomes.
"Uma irmã amiga da minha esposa foi estuprada semana passada, e aí veio a famosa pergunta sobre a soberania de Deus. Por que Deus deixou isso acontecer ou permitiu esse fato trágico para essa cristã?"
Minha resposta: A respeito do assunto mencionado por você, posso dizer que ele se encaixa na velha pergunta feita pelos crentes desde o começo do mundo: se Deus é bom, por que deixa seus filhos sofrerem? Antes de tentar olhar para a resposta, é preciso mais uma vez lembrar que isso de fato acontece, ou seja, Deus permite que seus filhos sofram! Casos como esse, ou de crentes assassinados, ou que sofrem com um câncer, ou que perdem filhos, infelizmente são mais comuns do que gostamos de admitir. É claro que há circunstâncias na vida que, humanamente falando, poderiam ser evitadas. Por exemplo, um crente leva uma vida descontrolada em seu hábitos, então adquire uma doença que lhe traz muito sofrimento. Até mesmo um caso de estupro, às vezes, pode ser evitado quando a mulher não se expõe ao risco, quando não passa por lugares perigosos. Muitas vezes temos visto mulheres andando a noite por lugares que não deveriam andar... Mas todos sabemos que nem sempre isso é possível, e existem circunstâncias que simplesmente nos assolam, sem que possamos fugir, nos defender, ou evitar. Jó não poderia evitar a perda de seus bens, de sua família e de sua saúde. Paulo não poderia evitar as quarenta chibatadas menos uma que ele recebeu cinco vezes dos judeus, pois se tentasse evitar, estaria negando sua fé.
Infelizmente, por causa da doutrina triunfalista das igrejas brasileiras criou-se uma ideia de que Deus jamais deixará seus filhos passarem necessidades se eles forem fiéis, se entregarem direitinho o dízimo, se forem submissos aos seus líderes. Esses pobres crentes nem percebem que já estão sendo explorados, humilhados, destruídos, inabilitados a viver a plena vida cristã, antes mesmo de começar, por causa dos líderes que os enganam. Por outro lado, essa questão do sofrimento enlouqueceu tanto alguns pregadores atuais que eles preferiram dizer que Deus não tem nada a ver com isso, que ele nem mesmo conhece o futuro, por isso ele não sabe o que pode ou não acontecer com cada um, ainda que esteja ao lado de cada um, pronto a consolar e a seguir o caminho da dor… Sem dúvida, essa mensagem parece mais condizente com a realidade, porém nos deixa com um Deus em quem não podemos confiar, pois ele “não está lá em cima” cuidando de tudo. Ele está “aqui embaixo”, no mesmo barco que nós. E quem pode dizer onde esse barco chegará?
Por que Deus permite o sofrimento? Biblicamente é preciso pensar em duas razões. A primeira parte da queda, e a segunda da própria redenção. Quando o pecado entrou no mundo, Deus determinou dores para Eva e suor para Adão. Essa é a ordem natural da criação decaída. Por isso dói. E vai continuar doendo até que esse mundo seja renovado. Porém, alguém poderia dizer: mas Cristo nos redimiu! Por que ainda sofremos? Então, lembre-se que a redenção foi pelo maior ato de sofrimento que esse mundo já viu: a cruz. Paulo entendia que seus sofrimentos pessoais eram um modo de se conformar com o próprio Cristo que sofreu (Fp 3.10). Após ter sido apedrejado em Listra, o Apóstolo Paulo se levantou espantou a poeira, voltou à mesma cidade onde havia sido apedrejado, e apresentou-se aos estupefatos irmãos dizendo que eles deviam "permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At 14.22). As marcas das pedradas eram um testemunho e tanto nesse sentido. Fazendo eco a essas palavras, Pedro disse que, em alguns casos, pode ser “necessário" que sejamos contristados por várias provações (1Pe 1.6). E o próprio Pedro nos disse o motivo dessa necessidade: "para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo" (1Pe 1.7).
Portanto, a irmã que sofreu tal dolorosa e horrível ofensa, além é claro de procurar as autoridades para que, dentro do possível, tomem as providências, precisa acima de tudo buscar refúgio em Deus. Porém, não deve olhar para Deus como um tirano insensível que nada sabe a respeito de sofrimento, nem o imaginar um Deus frágil, que só pode sofrer ao nosso lado. Antes, precisa reconhecer que nos caminhos misteriosos de Deus, esse foi o terrível modo determinado a permitir que a fé seja mais preciosa que ouro. E todos que estão ao lado dela precisam lembrar que Deus é justo juiz, e não deixará sem punição o perverso.
Finalmente, eu termino com algumas palavras de Reinhold Niebuhr: “Nada que é perfeitamente digno pode ser feito nesta vida; então precisamos ser salvos pela esperança. Nada que é verdadeiro ou belo pode fazer completo sentido no imediato contexto da nossa história; então precisamos ser salvos por fé. Nada que nós fazemos, ainda que virtuoso, pode ser feito sozinho; então precisamos ser salvos pelo amor. Nenhum ato virtuoso é tão virtuoso do ponto de vista de nossos amigos ou inimigos, como do nosso próprio ponto de vista. Então, nós precisamos ser salvos por aquela forma final de amor, que é o perdão”.

Fonte: Página do Pr. Leandro Lima no Facebook.

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